“A doença vascular cerebral é a doença neurológica mais suscetível de ser prevenida”
Decorreu, nos dias 7 e 8 de junho, mais uma edição do Curso de Atualização em Doença Vascular Cerebral, promovido anualmente pelo Grupo de Estudo de Doença Vascular Cerebral do Hospital de São João (HSJ), que reuniu cerca de 450 participantes. Em entrevista, Elsa Azevedo, coordenadora do Grupo, reforçou a importância de discutir, formar e aprofundar os conhecimentos sobre doença vascular cerebral, considerada “a doença neurológica mais suscetível de ser prevenida”.
A neurologista afirmou que para melhorar os indicadores “muito pouco agradáveis” de doença vascular em Portugal “é necessário um trabalho conjunto e articulado para diminuir o risco vascular e a ocorrência de AVC, envolvendo não só profissionais de saúde, mas todos os cidadãos”.
Neste contexto, a especialista lembrou que “há muito a fazer na fase aguda do AVC para minorar as consequências em termos de funcionalidade e independência do indivíduo e, naturalmente, para diminuir a mortalidade”. As novas armas terapêuticas, como a trombólise intravenosa e a trombectomia mecânica, são apontadas como uma mais-valia para o tratamento nas primeiras horas após ocorrência de AVC. Mas é fundamental garantir uma “abordagem multidisciplinar do doente, envolvendo neurologistas, internistas, intensivistas, especialistas de Medicina Física e Reabilitação e de Medicina Geral e Familiar, entre outros, devidamente sincronizados e articulados, para se conseguirem ganhos mais expressivos no controlo desta patologia”, frisou.
Relativamente a este Curso, que teve lugar no Auditório do Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Elsa Azevedo explicou que se pretende “discutir os aspetos mais práticos da abordagem preventiva e terapêutica do AVC, abarcando as áreas da prevenção, fase aguda e reabilitação. Este curso destina-se, assim, a todos os profissionais de saúde que trabalham com doentes em risco de AVC ou que já o sofreram, mas também a todos os médicos em formação, cuja vida profissional se cruzará inevitavelmente com esta patologia”.
“Há muito a fazer na fase aguda do AVC para minorar as consequências em termos de funcionalidade e independência do indivíduo e, naturalmente, para diminuir a mortalidade”
O Curso, com uma vertente prática muito marcada, contempla, para além das habituais palestras, outros formatos didáticos como sessões de casos clínicos problemáticos e workshops, este ano dedicados aos temas das Escalas em Doença Vascular Cerebral e da Reabilitação.
Este ano, pela primeira vez, os resumos das palestras e comunicações orais serão publicados na International Journal of Clinical Neurosciences and Mental Health, revista desenvolvida pelo Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental da FMUP, disponível online e de acesso livre.
Raimundo Martins homenageado na sessão de abertura
Durante a sessão de abertura, prestou-se homenagem a Raimundo Martins, impulsionador e fundador do Grupo de Estudo, que aproveitou para assinalar o 20.º aniversário destas reuniões formativas. A mesa contou com um painel de especialistas representantes de diferentes entidades que patrocinaram cientificamente este evento: José Castro Lopes, presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), Filipe Macedo, em representação da Direção da FMUP e António Oliveira e Silva, presidente do conselho de administração do HSJ.
Os especialistas salientaram a importância do estudo da doença vascular cerebral, lembrando as conquistas alcançadas neste âmbito, perspetivando também os passos futuros para diminuir a mortalidade e incapacidade causada por estas doenças, nomeadamente pelo AVC. A este propósito, o presidente da SPAVC apontou a população como o grande alvo de atuação neste caminho, sendo essencial um trabalho de sensibilização e educação para a Saúde.
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