Programas de educação em hidratação devem ser incluídos no sistema de saúde, escolas e nas famílias
Foram publicadas, na revista científica Nutrición Hospitalaria, as conclusões do II Congresso Internacional e IV Congresso Espanhol de Hidratação, que reforçam a importância de uma boa hidratação para a saúde e para a vida. De acordo com o suplemento dedicado a este tema agora divulgado na referida revista, a ingestão de água por parte dos europeus não se ajusta às quantidades recomendadas, daí a necessidade de incluir programas específicos de educação em hidratação nos sistemas de saúde, nas escolas e nas famílias.
Manter uma hidratação correta é essencial para o bem-estar da população e uma medida amplamente reconhecida, nos últimos anos, tanto por profissionais de saúde como por educadores, por especialistas em disciplinas relacionadas com atividade física e desporto e até pela população. Anda assim, de acordo com o documento agora publicado, o consumo de água por parte a população europeia está muito aquém das quantidades recomendadas.
“Junto com a quantidade de água e outros líquidos que ingerimos, é importante que se tenha em conta a composição das bebidas, já que com graduação alcoólica ou sem ela, contribuem para o consumo diário de energia”, refere o Prof. Dr. Ángel Gil, Catedrático de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Granada e Presidente da Fundação Ibero Americana de Nutrição (FINUT). “O consumidor deve poder contar com a informação nutricional relativa às bebidas que consome, e é necessário educar a população para a interpretação dos rótulos e nas necessidades nutricionais para melhorar os nossos hábitos de alimentação, como por exemplo optar por alternativas e variedades de bebidas sem açúcar ou sem açúcar adicionado”, acrescenta.
Segundo a Prof. Dra. Ascensión Marcos, Professora de Investigação do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), “os padrões de preferência de consumo dos diferentes tipos de bebidas variam consideravelmente segundo a idade, o estado socioeconómico ou nível cultural, e todos requerem um enfoque educativo”.
A água é o principal elemento do nosso organismo, representa aproximadamente 60% do peso corporal total nos adultos e tem que ser obtida através do consumo de alimentos e bebidas como parte da nossa alimentação diária. “A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) indica que, de forma geral, a ingestão adequada do consumo de água deve estabelecer-se fentre 2 e 2,5 litros nas mulheres e nos homens adultos respetivamente, quantidades suscetíveis de variar em função do estado fisiológico, da atividade física ou das condições do meio ambiente. Não obstante, a evidência científica atual, indica que com frequência a ingestão de água na população europeia não se ajusta, de forma geral, às recomendações da ingestão adequada de água”, comenta a Dra. Carmen Pérez-Rodrigo, Presidente da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária (SENC).
As conclusões do II Congresso Internacional de Hidratação publicadas pela Nutrición Hospitalaria reconhecem ainda outros aspetos e avanços científicos relacionados com a metodologia de medição do estado de hidratação da população, da retenção de líquidos, assim como diferentes estudos científicos que mostram como a ingestão deficiente de água e outros líquidos afeta a estrutura do cérebro e as suas funções e, provavelmente, o rendimento cognitivo, especialmente quando estão envolvidas as capacidades motoras.
“Um estado adequado de hidratação pode ajudar a melhorar o estado de espírito, a atenção e a concentração mental. Igualmente, alguns estudos científicos demonstraram que certos marcadores genéticos estão associados com maiores necessidades de líquidos. Tratam-se de estudos genómicos em estádios iniciais, contudo espera-se que as novas investigações possam proporcionar informação valiosa para a realização de recomendações individuais”, salienta o Prof. Dr. Lluís Serra-Majem, Professor de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria e Presidente da Academia Espanhola de Nutrição e Ciências de Alimentação (AEN).