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De que forma a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica condiciona o dia a dia dos doentes?

De que forma a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica condiciona o dia a dia dos doentes?

A DPOC, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, é uma doença respiratória prevenível e tratável, que se caracteriza pela presença de limitação persistente do fluxo aéreo. É uma doença geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos brônquios e dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, sendo a causa principal o tabagismo.

A inflamação crónica pode produzir alterações dos brônquios, a chamada bronquite crónica e no pulmão, o enfisema pulmonar. A DPOC apresenta estas alterações e o predomínio de enfisema ou bronquite tem relevância na manifestação da doença, ou seja, na apresentação dos respetivos sintomas. Para além da exposição ao fumo do tabaco, a exposição ao fumo passivo, ao fumo da combustão de lenha e em menor número ao deficit congénito de uma proteína, alfa-1-antitripsina, são as principais causas de desenvolvimento da doença.

É uma doença actualmente ainda pouco conhecida, mas extremamente letal, representando a terceira causa de morte em Portugal. Segundo os dados do último Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), entre 700.000 e 800.000 portugueses sofrem de DPOC, e representam cerca de 14% da população portuguesa com mais de 40 anos. As doenças respiratórias são responsáveis por cerca de 19% dos óbitos e são a principal causa de internamento hospitalar.

É uma doença actualmente ainda pouco conhecida, mas extremamente letal, representando a terceira causa de morte em Portugal. Segundo os dados do último Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), entre 700.000 e 800.000 portugueses sofrem de DPOC, e representam cerca de 14% da população portuguesa com mais de 40 anos. As doenças respiratórias são responsáveis por cerca de 19% dos óbitos e são a principal causa de internamento hospitalar

O diagnóstico precoce e a paragem dos factores causais são decisivos para impedir a progressão da doença. Tosse, expectoração, dispneia ou falta de ar, cansaço aumentado com a actividade física e pieira ou chiadeira no peito são os sintomas relacionados com a DPOC. Estes sintomas são crónicos e progressivos e acompanhados de ansiedade e depressão. A tosse é o sintoma mais frequente, pode ser diária ou intermitente e pode preceder a dispneia ou aparecer simultaneamente com ela. O aparecimento da tosse e da expectoração são tão frequentes no fumador, que muitas vezes não é valorizado como sintomas da doença, considerando-os como necessários “para limpar”. A tosse com expectoração ocorre em aproximadamente 50% dos fumadores. A pieira é a manifestação da dificuldade da saída do fluxo aéreo na expiração e é tão maior, quando maior for o grau de obstrução das vias aéreas. A dispneia e o cansaço aumentado com a actividade física são os principais sintomas associados à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. A dispneia é geralmente progressiva com a evolução da doença. Muitos doentes só referem a dispneia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico.

Em virtude da DPOC ser uma doença progressiva e incapacitante é importante o diagnóstico precoce. As alterações definitivas, associadas à doença, nos brônquios, bronquite e nos pulmões, enfisema, quão mais precocemente são diagnosticadas, menor a incapacidade resultante. A dispneia é um sintoma muito incapacitante, pois acompanha as 24 horas e, quanto maior, mais interferência tem nas tarefas da vida diária e na qualidade de vida.

Em virtude da DPOC ser uma doença progressiva e incapacitante é importante o diagnóstico precoce. As alterações definitivas, associadas à doença, nos brônquios, bronquite e nos pulmões, enfisema, quão mais precocemente são diagnosticadas, menor a incapacidade resultante. A dispneia é um sintoma muito incapacitante, pois acompanha as 24 horas e, quanto maior, mais interferência tem nas tarefas da vida diária e na qualidade de vida

Há uma escala de dispneia para a DPOC – MRC (Medical Research Council) – que correlaciona bem este sintoma com o prognóstico e a incapacidade resultante da doença.

À pergunta “Tem falta de ar?”
A resposta:
1. Só tenho falta de ar com esforços muito intensos.
2. Só tenho falta de ar com passo apressado ou a subir escadas ou declives.
3. Devido à falta de ar, ando mais devagar que as pessoas da minha idade ou
tenho que parar para respirar em terreno plano.
4. Devido à falta de ar, tenho que parar para respirar em terreno plano após
100 metros ou poucos minutos.
5. Tenho demasiada falta de ar para poder sair de casa.

Através desta escala o doente com DPOC pode avaliar a gravidade da sua DPOC. Um índice igual ou superior a 2 corresponde a uma DPOC moderada (3), grave (4) ou muito grave (5), de acordo com o indicador.

Para além da clínica, ou seja, a história e os sintomas como manifestação da doença, o diagnóstico baseia-se num exame respiratório, a espirometria, que evidencia o grau de obstrução à passagem do fluxo expiratório. A espirometria possibilita a classificação da DPOC em ligeira, moderada, grave e muito grave. A espirometria faz a avaliação da função, as alterações estruturais são dadas através dos exames imagiológicos, pela radiografia (RX) e pela tomografia axial computorizada do tórax (TAC). A radiografia do tórax é importante para a exclusão de outras doenças, nomeadamente do cancro do pulmão, que pode apresentar sintomas semelhantes. A tomografia axial computorizada do tórax permite avaliar alterações estruturais, nomeadamente o grau e tipo de envolvimento enfisematoso e
eventuais alterações dos brônquios, como bronquiectasias.

As agudizações da doença são predominantemente infecciosas, propiciadas pela existência de muco nos brônquios, facilitador do desenvolvimento de infecção. As exacerbações agudas da DPOC estão associadas ao agravamento da doença, pelo que devem ser prevenidas e tratadas. A frequência de exacerbações no último ano são um indicador de risco, sendo duas ou mais risco elevado, ou um internamento corresponde também a risco elevado.

Uma intervenção adequada na doença de DPOC, deve envolver a prevenção, nomeadamente promover a cessação tabágica nos fumadores e a vacinação para prevenir as infeções respiratórias, quer pelo vírus da gripe – influenza, quer pelas pneumonias pneumocócicas. O tratamento farmacológico visa reduzir os sintomas, a frequência e a gravidade das agudizações, mas também a melhoria da função respiratória, diminuindo o declínio inerente à idade.

Uma intervenção adequada na doença de DPOC, deve envolver a prevenção, nomeadamente promover a cessação tabágica nos fumadores e a vacinação para prevenir as infeções respiratórias, quer pelo vírus da gripe – influenza, quer pelas pneumonias pneumocócicas. O tratamento farmacológico visa reduzir os sintomas, a frequência e a gravidade das agudizações, mas também a melhoria da função respiratória, diminuindo o declínio inerente à idade

Um programa de conduta na DPOC inclui quatro componentes: avaliação e monitorização da doença, redução dos factores de risco, conduta adequada na DPOC estável e nas exacerbações.

A reabilitação respiratória é uma intervenção fundamental em todos os doentes com dispneia e com diminuição da tolerância ao esforço nas actividades da vida diária, ou seja, a todos os doentes sintomáticos. Os objectivos terapêuticos são: aliviar os sintomas, melhorar a tolerância ao exercício, prevenir e tratar as exacerbações, melhorar a qualidade de vida, prevenir a progressão da doença e reduzir a mortalidade. Estão associados objectivos de integração familiar e social e diminuição de custos associados com a doença.

Só pode haver uma estratégia adequada ao tratamento da DPOC, bem como de outras doenças respiratórias crónicas, que inclui o estudo funcional respiratório e a reabilitação respiratória como peças integrantes na avaliação, bem como na terapêutica destes doentes.

As doenças crónicas, nomeadamente a DPOC, devem ser integradas noconceito de qualidade de vida, obtido com diagnóstico precoce, medidas terapêuticas preventivas e dirigidas à doença, e plano de reabilitação adequados.

 

António Carvalheira Santos
Chefe de Serviço de Pneumologia do Hospital Pulido Valente