Reduzir o peso global do AVC é a missão da ESO
Está a decorrer, desde ontem e até sexta-feira, a European Stroke Organization Conference (ESO), a mais importante reunião europeia dedicada ao AVC. Vários especialistas portugueses estão a participar no evento, que tem lugar em Praga, na República Checa, entre os quais José Ferro, representante da ESO na Organização Mundial da Saúde e diretor do Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria. Em declarações ao Raio-X, o especialista revelou uma das mais importantes missões desta Organização a nível global: reduzir o peso do AVC.
Para reduzir o peso global do AVC, a European Stroke Organization (ESO) tem como objetivos melhorar a abordagem do AVC, apostando na educação médica dos profissionais de saúde e da população, e uniformizar o tratamento do AVC nos vários países europeus. Conhecida por ser a voz do AVC na Europa, exercendo pressão política para a implementação de projetos que implicam um envolvimento global, a ESO pretende agora alargar o seu espetro de intervenção aos países de baixo rendimento, agindo em articulação com a World Stroke Organization (WSO).
Nomeado como representante da ESO na WSO, José Ferro explicou ao Raio-X que, “atualmente, a maior parte dos AVC ocorre nos países de baixos rendimentos. Para além de uma maior incidência, o AVC está, nestes países, associado a uma taxa de mortalidade mais elevada”.
Nomeado como representante da ESO na WSO, José Ferro explicou ao Raio-X que, “atualmente, a maior parte dos AVC ocorre nos países de baixos rendimentos. Para além de uma maior incidência, o AVC está, nestes países, associado a uma taxa de mortalidade mais elevada”
Uma percentagem significativa desses eventos é explicada por fatores de risco preveníveis, alguns mais específicos destes países nomeadamente, a poluição dentro de casa e a dieta pobre em fruta e em vegetais. Por outro lado, “é nos países com menos recursos e com maior taxa de AVC, que tem vindo a crescer o número de fumadores e em que se verifica um menor esforço por parte dos Governos em controlar estes fatores de risco com medidas legislativas”, explica o neurologista do Hospital de Santa Maria.
Também nestes países, o reduzido número de profissionais de saúde representa um problema, assim como as a falta de equidade e as dificuldades de acesso aos cuidados de saúde e aos medicamentos.
“É nos países com menos recursos e com maior taxa de AVC, que tem vindo a crescer o número de fumadores e em que se verifica um menor esforço por parte dos Governos em controlar estes fatores de risco com medidas legislativas”, explica o neurologista do Hospital de Santa Maria
Para inverter esta realidade e minimizar o impacto do AVC, “a WSO desenvolveu a iniciativa Global Stroke Guidelines and Action Plan, que envolve várias áreas de intervenção, desde a implementação de cuidados de saúde pré-hospitalares, à otimização dos cuidados na fase aguda do AVC e para os doentes internados, passando pela a prevenção, pela reabilitação e pela reintegração dos doentes na comunidade. “Para cada um destes pontos, estão definidos três níveis de capacidade dos serviços de saúde: os serviços avançados, próximos daqueles de que dispomos na Europa, nos Estados Unidos e nos países desenvolvidos; os serviços essenciais e os serviços mínimos.
Para melhorar os indicadores de saúde e otimizar os cuidados que são prestados às populações nas regiões mais pobres do mundo, a ESO conta com o apoio e com o envolvimento das várias entidades governamentais. “Só podemos implementar medidas organizacionais se houver uma articulação com as entidades decisoras nesses países”, concluiu José Ferro.