Um dos grandes objetivos da RESPIRA é contribuir para um maior conhecimento da DPOC
A RESPIRA comemorou este ano o seu décimo aniversário e o Raio-X falou com Isabel Saraiva sobre os principais objetivos e motivações desta associação de doentes que luta pelo conhecimento, pela prevenção, pelo diagnóstico precoce e pelo tratamento adequado da DPOC. De acordo com a vice-presidente da RESPIRA, “Mais do que ser força de pressão política interessa-nos trabalhar em articulação com todas as entidades que tenham interesse em promover a saúde respiratória em Portugal.
Raio-X (RX)– Em que contexto e para responder a que necessidades é que surgiu a RESPIRA?
Isabel Saraiva (IS) – A Associação RESPIRA surgiu há 10 anos, através de um grupo de doentes com doenças respiratórias crónicas que se uniram a profissionais de saúde, médicos e pneumologistas. Até à data não existia qualquer forma de defender os interesses das pessoas com este tipo de doenças, nem como ouvir as suas preocupações. A Respira nasce para preencher esta lacuna. O envolvimento de pneumologistas e outros profissionais da saúde que, por facilitarem o contacto entre pessoas com problemas e dúvidas semelhantes, foi um fator fundamental. O conhecimento clínico e científico inerente à profissão médica é um alicerce muito importante para a Associação.
RX – Quais são os objetivos desta associação de doentes?
IS – A RESPIRA tem vários objetivos, mas destacaria como principais os seguintes:
– O desenvolvimento de programas de prevenção do tabagismo e de programas de promoção da Saúde respiratória; promoção do conhecimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e outras doenças respiratórias crónicas; acesso aos cuidados de saúde.
-A nossa missão é a de promover a prevenção e tratamento das doenças respiratórias crónicas e ser um pilar na defesa dos interesses e direitos das pessoas com DPOC.
RX – Há entre a RESPIRA e a comunidade médica e científica uma articulação próxima?
IS – Trabalhamos com diversas instituições na área da saúde respiratória nacional e internacionalmente em matérias relacionadas com o conhecimento da DPOC, com o apoio aos doentes e com a prevenção das doenças respiratórias.
RX – Em que sentido podem representar uma força de pressão política para a tomada de medidas de otimização dos cuidados de saúde prestados aos doentes?
IS – Mais do que ser força de pressão política interessa-nos trabalhar em articulação com todas as entidades (públicas ou privadas) que tenham interesse em promover a saúde respiratória em Portugal.
RX – Um dos grandes problemas da DPOC é a dificuldade em fazer-se um diagnóstico precoce. Considera que este problema ainda está relacionado com a falta de informação por parte de população?
IS – Um dos grandes problemas prende-se sobretudo com a ausência de diagnóstico. Estima-se que em Portugal existem cerca de 700.000 pessoas com DPOC, das quais só 100.000 estão diagnosticadas. Não estando diagnosticadas, o tratamento específico da DPOC chega tarde com os custos sociais e pessoais inerentes. Existe ainda alguma falta de informação por parte da população e por isso um dos grandes objetivos da RESPIRA é contribuir para um maior conhecimento da DPOC e para a sua prevenção e diagnóstico precoce, promovendo e participando em ações de sensibilização, rastreios e fóruns de conhecimento e investigação científica e chegar a mais pessoas com esta patologia, alavancando a criação de núcleos da associação no país através de reuniões/encontros entre a Instituição e grupos de doentes com DPOC ou outras doenças respiratórias crónicas.
“Um dos grandes problemas prende-se sobretudo com a ausência de diagnóstico. Estima-se que em Portugal existem cerca de 700.000 pessoas com DPOC, das quais só 100.000 estão diagnosticadas. Não estando diagnosticadas, o tratamento específico da DPOC chega tarde com os custos sociais e pessoais inerentes. Existe ainda alguma falta de informação por parte da população e por isso um dos grandes objetivos da RESPIRA é contribuir para um maior conhecimento da DPOC e para a sua prevenção e diagnóstico precoce”
RX – De que forma é que a RESPIRA tem contribuído para uma maior sensibilização da população?
IS – Ao longo destes 10 anos a RESPIRA tem desenvolvidos diversas ações que visam a sensibilização da população para esta temática. Destaco o combate ao tabagismo e as ações que temos feito em escolas e empresas; o nosso trabalho na edição de brochuras informativas sobre diversos temas: pneumonia, inaladores, reabilitação respiratória ente outros; as comemorações dos Dias Mundiais – DPOC, Dia Mundial Sem tabaco e Pneumonia. Desenvolvemos também ações de formação e informação aos profissionais de Saúde e a obtenção de um diagnóstico tão precoce quanto possível. Aguardamos com expectativa que a realização de espirometrias em mais centros de saúde, a existência de consultas de cessão tabágica mais acessíveis, bem como o acesso à terapêutica antitabágica, ajudem a combater o problema.
RX – Quais os planos para o futuro?
IS – Num futuro próximo a RESPIRA pretende ter mais associados e uma maior aproximação aos que já existem; aumentar a visibilidade e projeção da Respira junto da comunidade científica e das organizações europeias e internacionais; gostaríamos de ver uma política de saúde respiratória que convocasse vários membros, como médicos e outros profissionais de saúde, sociedades científicas, organizações empresariais, associações de doentes; estabelecer novas parcerias ao nível dos cuidados primários, prevenção e diagnóstico precoce, e ao nível do acesso a tratamento e reabilitação respiratória, bem como o acesso à vacinação e à terapêutica antitabágica; gostaríamos de ver centros de reabilitação respiratória equilibradamente distribuídos, numa lógica de proximidade e de qualidade.