“O melanoma vai à frente na luta contra o cancro”
CUF Porto Hospital e Centro Cultural de Belém foram palco, no âmbito das Conferências CUF 2017, de uma sessão sobre inovação no tratamento do melanoma. Em jeito de balanço, a Dr.ª Ana Raimundo, do Instituto CUF de Oncologia, afirmou que “o modo como se trata os doentes com melanoma está a alterar-se radicalmente”.
O melanoma maligno avançado é uma “patologia com uma elevada taxa de mortalidade e, nos últimos cinco anos, houve uma evolução muito grande no seu tratamento, quer em termos de doença metastática, quer, principalmente este ano, em termos de tratamento adjuvante”, começou por contextualizar a médica oncologista que moderou a sessão. “O modo como se trata estes doentes está a alterar-se radicalmente, com novas abordagens terapêuticas, nomeadamente as terapêuticas-alvo de combinação e a imunoterapia, a serem usadas cada vez com mais frequência, com impacto na sobrevivência dos pacientes”, prosseguiu.
Na primeira comunicação do painel, João Maia e Silva (Coordenador da Unidade de Cancro de Pele do Instituto CUF de Oncologia) centrou-se na questão de “fazer ou não fazer o esvaziamento ganglionar regional, quando temos um gânglio de sentinela positivo”. “Os estudos mais recentes demonstram que fazer o esvaziamento ganglionar regional, embora melhore a sobrevivência livre de progressão local, não tem impacto na sobrevivência global e traz morbilidade associada, nomeadamente os edemas dos membros. Portanto, concluímos que provavelmente vai deixar de se fazer”, descreveu Ana Raimundo.
A segunda intervenção foi protagonizada pela própria Ana Raimundo que falou sobre o tratamento adjuvante. “A principal novidade é que as terapêuticas que usávamos, com sucesso, na doença avançada, também produzem um impacto estatisticamente significativo na doença inicial”, destacou a oradora, acrescentando que, “provavelmente, as novas guidelines irão incorporar a utilização quer da imunoterapia quer da terapêutica de combinação-alvo, esta em pacientes com a mutação no gene BRAF”.
Para finalizar, Diogo Alpuim Costa e José Dinis, ambos médicos do Instituto CUF de Oncologia, apresentaram casos em que se utilizaram estas terapêuticas na prática clínica, comprovando resultados positivos.
José Dinis, que moderou também a sessão, destacou o interesse da discussão sobre novas abordagens terapêuticas aos doentes com melanoma. Até porque, defende, “o melanoma é o balão de ensaio para tudo o que se está a passar na oncologia”. “O melanoma vai à frente na luta contra o cancro, por isso, sabermos o que se passa com melanoma é estarmos atentos ao que se passa noutras patologias mais prevalentes. Se estamos atualizados nesta área, estamos preparados para o futuro”, acredita.
Quanto ao futuro em melanoma, Ana Raimundo considera que os principais desafios se predem com “uma melhor seleção dos doentes para cada uma das terapêuticas, e com a definição de qual a melhor sequência de tratamento, principalmente na população BRAF mutada: começar pela imunoterapia ou pela terapêutica-alvo”.
João Maia e Silva, Ana Raimundo, José Dinis, Diogo Alpuim Costa