“Fígado gordo é a doença hepática mais frequente”
“Quando pensamos em fígado, as hepatites são as doenças que se destacam”. Mas estas não são as mais frequentes, confirma Arsénio Santos, coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado (NEDF) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), que chama a atenção para aquela que “é já, no presente, a doença mais frequente, o fígado gordo”.
“Ao contrário das hepatites virais, cujo número tenderá a baixar, e da doença hepática alcoólica, que continua a ser um problema entre nós mas que não tem aumentado em número de casos, prevê-se que o fígado gordo, resultante de maus hábitos alimentares e do estilo de vida moderno, seja cada vez mais frequente”, refere Arsénio Santos. Um aumento que não o surpreende, uma vez que, acrescenta, “há uma relação direta entre os excessos da alimentação moderna, o estilo de vida sedentário e o aumento da incidência de fígado gordo”.
Este aumento tem também “relação direta com o aumento do número de casos de obesidade, de diabetes e de dislipidemia, todas elas causa de fígado gordo. E a nossa capacidade para diminuir o número de casos destas doenças, e para as combater, passa essencialmente pela educação das pessoas para fazerem uma alimentação mais saudável, com menor consumo de gorduras e hidratos de carbono e maior ingestão de vegetais, e para adotarem estilos de vida menos sedentários, com atividade física regular”.
Este foi um dos assuntos em discussão nas XI Jornadas do NEDF, um encontro que fomenta o debate entre os participantes, e que se realizou em outubro, no Hotel Axis, em Viana do Castelo.
Para os internistas, as doenças do fígado vão “continuar a ser um desafio”, mais ainda porque, tendo em conta que estes especialistas “abordam a pessoa doente de uma forma global, estão em situação privilegiada para continuar a diagnosticar, tratar e acompanhar os doentes hepáticos, pois as doenças do fígado não existem isoladamente, tendo frequentemente implicações sistémicas”.