A Médicos do Mundo está “Aqui” e quer que todos saibam disso
Com o objetivo de mostrar aos portugueses que atuam a nível nacional, a Médicos do Mundo lançou, em setembro, a campanha “Aqui”. O Raio-X visitou a Associação para perceber porque foi importante mostrar a quem está perto que a ação que desenvolvem não se restringe ao estrangeiro, apesar do nome poder criar essa ideia.
Muitas vezes percebida como uma instituição que realiza intervenção humanitária exclusivamente noutros países, a Associação pretende, com esta campanha, realçar as carências sociais que todos os dias combate no terreno e a proximidade das populações mais vulneráveis em Portugal.
Para Fernando Vasco, Vice-presidente da Médicos do Mundo (MdM), “esta campanha mostrou-se necessária porque queremos que as pessoas saibam que estamos a intervir em Portugal, porque Portugal também precisa da nossa intervenção”. Rosa Pereira, Diretora de Comunicação, reforça a ideia: “a intervenção em Portugal existe há 18 anos e tem um trabalho importante para garantir os cuidados de saúde gratuitos às populações vulneráveis e combater a sua discriminação”.
Lembre-se que a Associação intervém em Lisboa, no Porto, em Viseu e em Castanheira de Pera, implementando atualmente 13 projetos nacionais, sendo a sua intervenção relevante e essencial para 4 mil pessoas vulneráveis que contam com o seu apoio.
Na primeira pessoa
Henrique Messias é médico voluntário na MdM há cerca de um ano e está principalmente envolvido em dois projetos de prestação de cuidados de saúde a populações carenciadas: “Saúde a Girar, onde, como parte da equipa de rua da MdM, resolvemos problemas ativos ou de prevenção junto da população sem abrigo e trabalhadores sexuais; e no Centro de Acolhimento Temporário para Refugiados, onde a atividade é direcionada para refugiados recém-chegados ao nosso país”.
A sua motivação inicial foi “sobretudo poder contribuir para melhorar as condições de vida de pessoas carenciadas, nomeadamente ao nível da área da saúde onde atuo profissionalmente e poderia ser mais útil. Desde essa data, a experiência tem sido muito recompensadora e continuamente interessante: por um lado a população retribui com agradecimento ou simplesmente um momento de felicidade, que considero fazer a diferença nesta população cujo percurso de vida foi muitas vezes ingrato; por outro, o contacto com a realidade de problemas atuais da nossa sociedade nacional e global é uma oportunidade para darmos valor ao que temos e compreender o mundo de uma forma mais completa e humana”. Henrique considera o trabalho da Médicos do Mundo, a nível nacional, “particularmente útil e importante, não sendo necessário ir para o estrangeiro vivenciar esses problemas, pois o mundo como aldeia global que é acaba sempre por nos vir bater à porta, e cabe-nos a nós ajudar localmente, para fazer a diferença globalmente”.
O que é preciso para ser voluntário da MdM?
Nas palavras de Carla Paiva, Diretora de Projetos, “para ser voluntário é necessário identificar-se com a missão da Associação. A partir daí as expectativas da pessoa são sempre superadas, porque há uma pré-disposição diferente. Nós estamos aqui e há necessidades aqui, as pessoas podem ajudar no seu país”. E não são necessários só profissionais de saúde.
Para saber mais sobre a Médicos do Mundo, a sua área de atuação e os projetos que desenvolve visite: https://www.medicosdomundo.pt/
Por Margarida Queirós