Esquizofrenia afeta cerca de 48 mil portugueses e 7 mil não têm acesso a qualquer tratamento
Os dados são avançados por um relatório da Faculdade de Medicina de Lisboa e da Católica Lisbon School of Business and Economics, que pretende calcular a carga da doença e os seus custos em Portugal Continental. Estima-se que existam 48 mil portugueses com esquizofrenia, que custam 436 milhões de euros, valor que representa 2,7% da despesa total em saúde. Destes, 7 mil não serão acompanhados nem no Serviço Nacional de Saúde, nem no contexto privado.
Os resultados do estudo “O custo e a carga da esquizofrenia em Portugal”, desenvolvido pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e do Centro de Estudos Aplicados, da Católica Lisbon School of Business and Economics revelam que, de acordo com as estimativas, a esquizofrenia afeta cerca de 0,57% da população portuguesa (considerando como denominador a população com idade superior ou igual a 15 anos em Portugal).
O relatório estima também que a doença custou, em 2015, 436,3 milhões de euros ao Estado português, o que representa 2,7% da despesa total em saúde e 0,24% do PIB português. Os custos diretos (internamento, reabilitação, ambulatório, hospital de dia, medicamentos, etc.) da esquizofrenia são de 96,1 milhões de euros, 0,6% de todas as despesas de saúde em 2015. Aos custos diretos adicionam-se os custos indiretos gerados pelos doentes (absentismo, não participação no mercado de trabalho, produtividade reduzida), e pelos cuidadores, respetivamente, 331 milhões de euros e 9,3 milhões de euros.
“Estes são os primeiros dados nacionais sobre o custo e a carga da esquizofrenia em Portugal e assumem uma elevada importância dada a carência de dados de natureza epidemiológica ou económica no país nas áreas da saúde mental, em especial na área da esquizofrenia» refere Miguel Gouveia do Centro de Estudos Aplicados, da Católica Lisbon School of Business and Economics. “O relatório apresenta dados que demonstram a realidade nacional e podem sustentar o desenvolvimento de políticas públicas de qualidade e eficazes, adaptadas ao nosso contexto social”.
O estudo estima ainda que em 2015 a esquizofrenia seja nresponsável por quase 28.600 anos de vida perdidos por morte prematura ou por incapacidade, refletindo assim o elevado impacto social desta doença.
O que é a esquizofrenia e como afeta o doente?
A esquizofrenia é uma perturbação mental complexa e grave, que consiste numa patologia do cérebro que afeta gravemente o comportamento do doente, desde a capacidade de pensar às emoções. É uma doença que tem impacto em diferentes domínios da vida humana, nomeadamente aqueles relacionados com o trabalho, a educação, as relações interpessoais e a capacidade para viver de forma independente e prestar autocuidados.