“É crucial uma abordagem multifacetada e multifatorial da Hipertensão Arterial”, afirma Pedro Marques da Silva.
A hipertensão arterial (HTA) é responsável por 1 em cada 5 mortes entre as mulheres, sendo que a patologia afeta mais comumente o sexo feminino. Um problema que, segundo Pedro Marques da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos de Risco e Prevenção Cardiovascular (NERPC) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), “pode afetar as mulheres em todas as fases da vida, com características específicas e singulares em cada uma delas”. Até porque, “a HTA é um companheiro para vida, numa relação intempestiva, trespassada por afeções diversas, mas sempre presente, sempre atenta, tanto na prevenção como no tratamento”, refere o especialista.
Citando os dados do Global Burden of Disease, o coordenador do NERPC dá conta que em Portugal, “cerca de 41% do total de anos de vida saudável perdidos por morte prematura poderiam ter sido evitados se fossem suprimidos os principais fatores de risco modificáveis”. E no segundo lugar da lista, logo seguido dos hábitos alimentares inadequados (16%), está a hipertensão arterial (13%). A estes dados juntam-se outros como: “em 2015, as doenças cardiovasculares e vasculares cerebrais foram responsáveis por quase 30% das mortes ocorridas, com um acréscimo de 0,5% relativamente a 2014, que nos deve obrigar a meditar”.
Contudo, Pedro Marques da Silva garante que, “mais ponderadas, as mulheres estão mais conscientes de que têm HTA, ao contrário dos homens, o que, juntamente com a sua singular relação com instituições de saúde desde a saúde materno-infantil, explica, possivelmente, o melhor controlo tensional nas mulheres”. Apesar de tudo isto, “a taxa bruta de mortalidade foi de 313,2 por 100 mil habitantes, sendo mais elevada para as mulheres (330,6) do que para os homens (293,9) ”.
Consciente de que “a presença e a combinação de diversos fatores de risco favorecem o advento, o estabelecimento e a progressão da HTA, com afetação do coração, artérias, cérebro e rins e o consequente aumento do risco cardiovascular”, o especialista considera “crucial uma abordagem multifacetada e multifatorial da HTA nas mulheres (mas também nos homens!), evitando e controlando o peso, favorecendo uma dieta variada, equilibrada e nutricionalmente adequada (com um aporte adequado de ácido fólico), restringindo o sal, alguns tipos – mais nefastos – de gorduras e o excesso de açúcares de absorção rápida, promovendo o exercício físico regular e a limitação de álcool e restringindo – em tantos casos! – os analgésicos anti-inflamatórios”.
Por isso, a propósito do Dia Mundial de Hipertensão, que se assinala amanhã, o coordenador do NERPC apela a que o HTA não seja ignorado, pois é “uma circunstância cardiovascular que é capaz de afetar as mulheres – e é delas que hoje estamos a falar! – em todas as fases da sua vida, concorrendo, de forma impressiva, para uma parte importante da morbilidade e mortalidade do sexo feminino. O tratamento, farmacológico ou não, é eficaz, com redução significativa da doença cardiovascular e melhoria da qualidade de vida”.