Europacolon lança campanha para mudar o prognóstico do cancro do pâncreas
A Europacolon Portugal, associação de apoio aos doentes com cancro digestivo, vai assinalar o Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, hoje, 15 de novembro, com uma campanha de sensibilização para os sintomas desta patologia e com uma sessão de debate no auditório do Ipatimup, às 14h30. Ambas as iniciativas têm objetivos comuns: mudar o prognóstico do cancro do pâncreas, o único cancro grave com uma taxa de sobrevivência inferior a 10%, com uma sobrevida de cerca de cinco anos somente em 2 a 9% dos casos, e aumentar a literacia da população nesta doença.
A campanha de sensibilização tem como elemento central um vídeo partilhado nas redes sociais e que alerta para os sintomas difusos desta doença oncológica que não devem ser ignorados:
- Perda de peso inexplicável;
- Dor abdominal e/ou na zona dorsal;
- Pele ou olhos amarelos;
- Diagnóstico recente de diabetes.
O vídeo incentiva a população a não ignorar os sintomas pois estes podem permitir um diagnóstico precoce, que por sua vez é determinante no prognóstico do cancro do pâncreas. Já o debate no Ipatimup irá envolver especialistas de várias áreas que irão em conjunto analisar o que é necessário fazer para que o cancro do pâncreas passe a ter um prognóstico diferente. Este debate, cujo principal objetivo é promover um maior conhecimento da população, é aberto e livre a todas as pessoas que queiram saber informações e esclarecer dúvidas sobre sintomatologia, linha hereditária, novos tratamentos, vantagens de diagnóstico precoce, entre outos.
José Carlos Machado, investigador do Ipatimup, os oncologistas Sónia Rego e Carlos Sottomayor, Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), e Vítor Neves, presidente da Europacolon, serão os protagonistas desta sessão, que contará, ainda em confirmação, com a presença de Marta Temido, Ministra da Saúde.
O papel da Medicina Geral e Familiar (MGF) pode ser fulcral para precocidade do diagnóstico e por isso a Europacolon lança neste Dia Mundial do Cancro do Pâncreas um estudo e projeto pioneiro em Portugal dirigido aos médicos de MGF com o objetivo de melhorar a prevenção e diagnóstico precoce do cancro pancreático, em Portugal, através das unidades de cuidados de saúde primários desta que é a doença oncológica com a maior taxa de mortalidade.
O projeto “Deteção precoce do Cancro Pancreático”, premiado internacionalmente nos 2017 ImpactPanc Awards, visa estudar a consciencialização e as necessidades dos médicos de MGF nesta doença, de forma a conseguir uma sensibilização e encaminhamento mais eficaz dos doentes com possíveis sintomas de cancro do pâncreas. Está cientificamente comprovado que os doentes diagnosticados a tempo de uma intervenção cirúrgica têm muito mais hipóteses de sobrevivência a cinco ou mais anos, o que contrasta com a média de sobrevida de cerca de 4 meses nos doentes que têm um diagnóstico tardio, sem hipótese cirúrgica. Este primeiro estudo na área do conhecimento e implementação de ações em todo o território nacional será a primeira iniciativa do género, para melhorar o prognóstico desta doença oncológica que afeta 1300 novos doentes portugueses todos os anos.
Este projeto baseia-se num estudo através do qual se irá compreender a informação sobre o cancro do pâncreas e o processo de diagnóstico que os médicos de cuidados primários têm no âmbito nacional. Numa segunda fase, e após análise destes resultados, a Europacolon Portugal, com o apoio de várias entidades públicas na área da saúde, vai proceder a várias sessões de esclarecimento dirigidas aos profissionais de saúde das Unidades de Saúde Familiar, para dar mais informação e disponibilizar ferramentas para que estes possam mais facilmente identificar os sinais do cancro do pâncreas. Este projeto português é o primeiro premiado internacionalmente, seguido de outros quatro projetos oriundos dos Estados Unidos da América, da Grécia, do Reino Unido e do Brasil.
O presidente da Europacolon Portugal, Vítor Neves, refere que “em 2018 o cancro do pâncreas continua a ter taxas de sobrevivência muito baixas pelo que queremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para melhorar e mudar este prognóstico. É preciso que a população esteja atenta aos sinais que o corpo pode dar e que os especialistas em medicina geral e familiar estejam também despertos para que a doença seja detetada o mais rapidamente possível, o que significa ter mais e melhores opções de tratamento.”
Todos os dias, mais de 1000 pessoas em todo o mundo são diagnosticadas com cancro do pâncreas. Entre elas, cerca de 985 morrerão desta doença. Embora as taxas de mortalidade estejam a diminuir para muitos outros cancros, estão a aumentar para o cancro do pâncreas. O cancro do pâncreas é, em quase todos os países, o único cancro grave com uma taxa de sobrevivência inferior a 10%, com uma sobrevida de cerca de cinco anos somente em 2 a 9% dos casos. O financiamento na investigação do Cancro Pancreático mantém-se ao mesmo nível nos últimos 40 anos.