530 mil portuguesas sofrem de DPOC
Aproxima-se o Dia Internacional da Mulher, que se celebra a 8 de março, e a RESPIRA – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas -, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Fundação Portuguesa do Pulmão, vai assinalar esta data com uma ação de rua dedicada à população feminina.
“Num dia dedicado às mulheres, pretende-se sensibilizar sobretudo esta população, cujo hábito tabágico tem vindo a aumentar significativamente, para uma doença com diagnóstico muitas vezes de estádio avançado, por ser considerada maioritariamente uma doença de homens”, explica Isabel Saraiva, vice-presidente da RESPIRA. A ação vai decorrer no Largo de Camões, entre as 17H e as 23H, onde as mulheres fumadoras poderão fazer rastreios gratuitos para avaliar a função respiratória e promover o conhecimento em torno da DPOC e do meio de diagnóstico mais eficaz: a espirometria.
“Operação STOP DPOC” é o tema da campanha de sensibilização que tem como objetivo alertar para o aumento e impacto da DPOC nas mulheres e para “a importância de um diagnóstico precoce e da realização da espirometria como um dos exames de eleição”.
Segundo Isabel Saraiva, importa também chamar a atenção da população para as consequências e malefícios do tabaco para a saúde respiratória, daí a “necessidade de criar uma relação emocional, de forma a que os grupos de risco se identifiquem e procedam a atitudes preventivas”.
A DPOC é uma doença respiratória que continua subdiagnosticada, sendo que muitos doentes só procuram ajuda médica quando já perderam cerca de 50% da capacidade respiratória. Afeta 14,2% das pessoas com mais de 40 anos que residem na área da grande Lisboa e, apesar de ter uma incidência mais elevada nos homens do que nas mulheres (19% versus 11%), “calcula-se que cerca de 530 mil portuguesas sofram desta patologia respiratória”, como refere Isabel Saraiva.
Além de estar associada a um aumento do risco de mortalidade, a DPOC tem uma grande morbilidade, limitando os doentes na prática das atividades diárias mais simples e reduzindo drasticamente a sua qualidade de vida.
Doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, osteoporose, depressão e cancro do pulmão são algumas das doenças que surgem frequentemente associadas à DPOC.
O diagnóstico incorreto e, por conseguinte, o atraso na implementação adequada, são situações frequentes nas mulheres, já que a DPOC é tradicionalmente considerada uma “doença de homens”. Face ao aumento do consumo de tabaco nas mulheres, a DPOC é e será nas próximas décadas uma doença mais frequente na população feminina.
Segundo a Dr.ª Isabel Saraiva, “os malefícios do tabaco são piores nas mulheres” uma vez que, com a mesma carga tabágica que um homem, uma mulher desenvolve doença mais grave e mais precocemente.
A par da DPOC e do cancro do pulmão, o tabagismo aumenta também o risco de AVC e enfarte do miocárdio, sobretudo nas mulheres que fazem contraceção oral, reduz a fertilidade e aumenta o risco de abortos espontâneos, malformações fetais e mortalidade infantil.
Por Cátia Jorge