Portugal, Japão e Alemanha juntos no desenvolvimento de uma vacina de nova geração contra a malária
O Dia Mundial da Luta Contra a Malária assinala-se anualmente a 25 de abril e tem como objectivo reconhecer o esforço global para o controlo efectivo da malária, sublinhar os avanços e apelar à acção e ao investimento de forma a acelerar o progresso contra a doença. O IBET – Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica – participa num projecto internacional para o desenvolvimento de uma vacina contra a malária. Equipas de cientistas do Japão, Portugal e Alemanha juntaram-se para combater esta doença que já foi endémica em Portugal e que actualmente infecta mais de 200 milhões de pessoas e causa quase meio milhão mortes todos os anos.
A pesquisa por uma vacina contra a malária conta com mais de 40 anos. Por todo o mundo, diversos grupos de cientistas procuram prevenir a transmissão do parasita de mosquitos para humanos. Contudo estas vacinas de primeira geração revelaram ser pouco eficazes protegendo no máximo 30% das pessoas vacinadas. Uma alternativa que se tem revelado significativamente mais eficaz é o desenvolvimento de vacinas que protegem os glóbulos vermelhos da entrada do parasita impedindo assim a sua replicação no sangue. Porém, o elevado grau de heterogeneidade entre diferentes isolados tem-se revelado o principal obstáculo ao desenvolvimento deste tipo de vacinas.
Recentemente, investigadores do Proteo-Science Center da Universidade de Ehime (Japão) e da Sumitomo Dainippon Pharma (Japão) descobriram um novo antigénio do estádio sanguíneo do parasita com destacado potencial terapêutico devido ao seu elevado grau de conservação entre diferentes isolados, o PfRipr5.
A fim de transformar esta descoberta numa vacina de nova geração, estes investigadores contam com a ajuda de investigadores Portugueses e Alemães que serão responsáveis pela produção e formulação do novo antigénio, respectivamente. Em Portugal, o iBET – Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, em Oeiras, será responsável por desenvolver o processo de produção e de garantia da qualidade desta proteína, PfRipr5.
Este projecto é de maior importância internacional uma vez que o parasita da malária é um dos organismos prioritários para o desenvolvimento de uma vacina segundo o Global Vaccine Action Plan (GVAP) da Organização Mundial de Saúde. Ainda de acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 3 mil milhões de pessoas em 92 países estão em risco de contrair malária durante a sua vida.
Denominado “Further development of a new asexual blood-stage malaria vaccine candidate”, este projecto é financiado do Fundo Japonês Global Health Innovative Technology Fund (GHIT), uma parceria público-privada entre o governo do Japão, várias empresas farmacêuticas, a Fundação Bill and Melinda Gates, o Wellcome Trust e o Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas, O GHIT tem como objectivo estimular o desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos para o tratamento de doenças tropicais negligenciadas.