Tratamento minimamente invasivo da estenose aórtica cresceu em todo o país, exceto na região centro
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) anunciou que os doentes com estenose aórtica, uma doença fatal que afeta pessoas acima dos 70 anos, estão ter um acesso crescente a um tratamento minimamente invasivo, mas de forma assimétrica, porque há um atraso de uma década nesta área nos hospitais públicos do centro do país, apesar de terem capacidade tecnológica e profissionais de saúde qualificados para a realização do procedimento. Este alerta surge no âmbito das comemorações do Dia Mundial dos Avós, que se assinala a 26 de julho.
“O implante da válvula aórtica percutânea (VAP) é um procedimento minimamente invasivo, por cateter, que em muitos doentes tem vantagens em relação à cirurgia de peito aberto, constituindo nalguns a única opção uma vez que diminui os riscos relacionados com o tratamento. Esta técnica é considerada o grande avanço da cardiologia da última década”, refere Rui Campante Teles, cardiologista de intervenção e coordenador do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI).
O uso das válvulas aórticas percutâneas tem sido restrito a doentes com estenose aórtica grave com risco cirúrgico aumentado, usualmente com mais de 70 anos, o que corresponde a cerca de 5 mil portugueses. No entanto, estudos apresentados, em março deste ano, evidenciam que a VAP possa ser realizada em doentes, até com menor risco, com uma idade média de 74 anos.
Segundo os dados do RNCI, em 2018, foram realizados 640 TAVI (62 procedimentos por milhão de habitante). Esta técnica é atualmente considerada madura, tendo evoluído muito desde os primeiros implantes nacionais em 2007, em Gaia. Atualmente, em Portugal, fazem-se procedimentos VAP em seis centros do Serviço Nacional de Saúde (Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Hospital de São João, Hospital de Santa Marta, Hospital de Santa Cruz, Hospital de Santa Maria e Hospital do Funchal) e em vários centros privados. Prevê-se uma duplicação das necessidades nos próximos dois anos e há enorme preocupação com a falta das salas de hemodinâmicas e recursos humanos necessários.
Para aumentar a consciencialização para a estenose aórtica, a APIC está a promover a campanha Corações de Amanhã. “Acreditamos que com esta iniciativa, que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, temos a oportunidade de unir esforços entre todos, que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas acima dos 70 anos”, afirma João Brum Silveira, presidente da APIC.
A estenose aórtica é uma doença que afeta cerca de 32 mil portugueses, sobretudo acima dos 70 anos, limitando as suas capacidades e qualidade de vida. Se não for detetada atempadamente, esta doença pode ter um desfecho fatal, uma vez que a válvula aórtica vai tornar-se cada vez mais estreita, impedido o fluxo sanguíneo para fora do coração. Os sintomas são cansaço, dor no peito e desmaios.