Maradona: uma morte santa? Porque perdeu 30 anos de vida?
Jacinto Gonçalves, vice-preidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, partilha com o Raio-X uma reflexão de sua autoria sobre a morte de Diego Maradona devido ao enfarte do miocárdio, chamando a atenção para a importância de um estilo de vida saudável.
A 25 de Novembro de 2020 Diego Maradona com 60 anos, faleceu em sua casa enquanto dormia, com morte súbita por paragem cardiorrespiratória. A autópsia revelou que a causa da morte súbita tinha sido um enfarte do miocárdio. Antigamente o povo dizia que estas mortes súbitas, de causa cardíaca, eram “mortes santas” por serem imprevistas, fulminantes e indolores. Diego morreu aos 60 anos. Sua mãe faleceu com 81 anos e o pai com 87. Pela genética Maradona poderia ter vivido mais 25 a 30 anos. Como explicar tantos anos de vida perdidos num homem que era fisicamente um sobredotado?
Analisando o seu estilo de vida encontramos talvez uma explicação. Maradona teve problemas de obesidade e chegou em 2005 a pesar 125 Kg, com 1,65m de altura. Fez nesse ano uma cirurgia de redução do estômago e conseguiu perder 50 quilos! Mas a obesidade não é apenas um problema de excesso de peso, tem associados outros problemas menos visíveis como hipertensão arterial, pré-diabetes, e arteriosclerose que pode entupir as coronárias ou outros vasos. Não basta reduzir pela cirurgia o tamanho do estômago; é preciso mudar de estilo de vida que foi o que Maradona não conseguiu fazer. Teve problemas de alcoolismo e de dependência de cocaína tendo vários internamentos por overdose.
O que tinha este homem que foi idolatrado como jogador de futebol e como ícone duma geração? Diego era diferente, era especial. Ele conseguia surpreender sempre. Nos estádios, nos mídia, na sua vida pessoal. Talvez fosse endeusado pelos jovens porque, como eles era imprevisível, desalinhado e irreverente. Mas podia ter vivido 30 anos mais. Anos perdidos sem glória nem valor.
Nas nossas vidas todos temos alguém especial, diferente, que é capaz de nos surpreender. Pode ser um filho, um sobrinho, um irmão ou até um amigo. É alguém por quem temos um carinho ou uma amizade únicos, que tem um lugar especial no nosso coração. E temos que zelar para que “o nosso Maradona” não tenha uma “morte
santa” antes do tempo. O exemplo, mais do que o conselho, ajuda a convencer, a dar força para mudar; mudar para um estilo de vida mais saudável, para uma alimentação que o ajude a controlar o peso, ou a abandonar o tabagismo.
Os Amigos do Coração da Fundação Portuguesa de Cardiologia procuram divulgar e promover as boas práticas de um estilo de vida saudável. Entre na nossa cruzada. Torne-se um Amigo do Coração. Ajude-nos a educar e preservar os anos de vida dos “nossos maradonas”.
“Morte santa”, talvez! Mas quanto mais tarde melhor!