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Sociedades médicas apelam à inclusão dos doentes neuromusculares na primeira fase de vacinação anti-SARS-CoV-2

Sociedades médicas apelam à inclusão dos doentes neuromusculares na primeira fase de vacinação anti-SARS-CoV-2

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia Pediátrica e Sono, a Sociedade Portuguesa de Neurologia e a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria enviaram uma carta conjunta à Task Force para a vacinação contra a Covid-19, solicitando a inclusão dos indivíduos com doenças neuromusculares na primeira fase de vacinação.

Este pedido conjunto das quatro sociedades médicas surge na sequência da identificação destes doentes como indivíduos com um risco de infeção grave e de mau prognóstico a SARS-CoV-2. Fatores como a fraqueza dos músculos respiratórios, a dependência de suporte ventilatório, o envolvimento cardíaco e a associação frequente a algumas co-morbilidades como a obesidade, hipertensão arterial e diabetes contribuem para que o risco nestes doentes seja muito elevado.

As doenças neuromusculares são um grupo heterogéneo de patologias caracterizadas pela fraqueza muscular e com uma prevalência entre 1 a 10/100000 e na sua maioria não têm cura.

 

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CARTA CONJUNTA

ASSUNTO: Vacinação anti-SARS-CoV2 e doentes neuromusculares

As doenças neuromusculares são um grupo heterogéneo de patologias caracterizadas pela fraqueza muscular e com uma prevalência entre 1 a 10/100000.
Nestas doenças, o envolvimento respiratório e/ ou cardíaco constitui a principal causa de morbilidade e mortalidade.
Na maior parte das doenças neuromusculares, o risco de quadros graves e de mau prognóstico se infeção a SARS-CoV2 é considerado muito elevado (World Muscle Society, European Reference Network EURO-NMD).

São vários os fatores que contribuem para esse risco muito elevado, incluindo:
– a fraqueza dos músculos respiratórios, condicionando baixos volumes pulmonares e insuficiência respiratória crónica;
– a ineficácia da tosse e de mecanismos de clearance das vias aéreas, agravado pela fraqueza dos músculos bulbares;
– a dependência de suporte ventilatório, seja ventilação não invasiva ou traqueostomia;
– o envolvimento cardíaco (cardiomiopatias, defeitos de condução e arritmias);
– o risco acrescido de descompensação da doença neuromuscular perante situações febris ou infeciosas;
– o risco acrescido de rabdomiólise e suas consequências, perante situações febris ou infeciosas;
– a associação frequente a co-morbilidades como a obesidade, hipertensão arterial e a diabetes mellitus, fatores por si só de risco para quadros mais graves de infeção a SARS-CoV-2.

A este risco muito elevado de infeção grave e de mau prognóstico a SARS-CoV-2, acresce a possibilidade de, num cenário de escassez de cuidados de saúde, nomeadamente de disponibilidade de cuidados intensivos, os doentes neuromusculares poderem ser preteridos no acesso aos mesmos.
Pelo exposto, a Sociedade Portuguesa de Neurologia, a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia Pediátrica e Sono, vêm solicitar a inclusão dos indivíduos com doenças neuromusculares na primeira fase de vacinação anti-SARS-CoV-2.

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