Jovens portugueses são desafiados a evitar consumir bebidas alcoólicas no primeiro mês do ano
A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) volta a consciencializar para a doença hepática alcoólica, uma consequência que advém do elevado consumo de álcool. Sob o mote “Em janeiro, liga-te à vida!”, a ação nacional de consciencialização surge no âmbito do desafio “Janeiro Sem Álcool”, e decorrerá no primeiro mês de 2024, nas redes sociais da associação, com o objetivo de alertar os jovens para os danos relacionados com o álcool.
No Ano Novo é comum estabelecerem-se novas resoluções. “Com este desafio queremos apelar aos jovens portugueses para que adotem um estilo de vida mais saudável, durante todo o ano. O consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens, sobretudo relacionado com a vida social e noturna, é muito preocupante. Segundo os dados do relatório do SICAD, podemos verificar que, no ano de 2022, em cada 10 jovens de 18 anos, 9 beberam álcool”, alerta Arsénio Santos, presidente da APEF.
De acordo com o relatório “Comportamentos Aditivos aos 18 anos. Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional – 2022: Consumos de Substâncias Psicoativas”, realizado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), o consumo de bebidas alcoólicas está a aumentar entre os jovens com 18 anos, em Portugal, sendo a sua prevalência mais expressiva no sexo feminino (86%), do que no sexo masculino (84%).
O elevado consumo de álcool traz graves consequências para a saúde, principalmente para o fígado. “Um dos grandes exemplos dessas consequências é a esteatose hepática, mais conhecida por fígado gordo, a hepatite alcoólica e cirrose hepática; porém, também existem as consequências indiretas como as resultantes dos acidentes de viação, por exemplo. Estas situações, quando não tratadas ou prevenidas, lesam gravemente a saúde e podem, até, levar à morte. É, assim, crucial lembrar que é possível viver sem bebidas alcoólicas, o que não invalida que não se possam divertir, relaxar ou socializar”, explica Arsénio Santos.
E acrescenta: “As pessoas adultas devem refletir sobre os seus comportamentos a nível social e nas consequências que os mesmos trazem para a sua saúde; e devem alertar os mais jovens para os riscos e problemas do consumo de bebidas alcoólicas, de que são exemplo a ocorrência de situações de mal-estar emocional e a adoção de comportamentos irrefletidos e potencialmente perigosos, de que são exemplo as relações sexuais desprotegidas”.
A iniciativa “Janeiro Sem Álcool” ocorre em simultâneo em vários países, desde 2013. Em Portugal é a terceira vez que o desafio é promovido.
Segundo os dados do relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), de 2021, e as últimas estimativas disponíveis do WHO Global Information System on Alcohol and Health (GISAH) para Portugal, verifica-se que, em 2019, o consumo de álcool era mais elevado por parte dos homens, com 19,5 litros de álcool puro per capita por ano, do que das mulheres, que consumiam 5,6 litros.
O relatório do SICAD demonstra também que em 2021 foram registados 39.874 internamentos hospitalares, com diagnóstico principal ou secundário atribuíveis ao consumo de álcool, envolvendo 29.965 indivíduos em Portugal. Os dados referem ainda que, em 2020, morreram 2.544 pessoas por doenças atribuíveis ao álcool, 26% das quais por doenças atribuíveis a doença alcoólica do fígado.