Associação Portuguesa de Urologia alerta: desporto de recreação é o pontapé de saída para minimizar o impacto do cancro da próstata
Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Atividade Física, 6 de abril, a Associação Portuguesa de Urologia (APU) – sociedade médica mais antiga de Portugal e uma das mais antigas sociedades de urologia do mundo – alerta para a importância que o desporto de recreação tem na vida dos doentes com cancro da próstata, apresentando os resultados positivos da primeira época do ‘PCaGoal’, um projeto totalmente dedicado aos sobreviventes de cancro da próstata.
Durante a primeira época, realizada entre novembro de 2022 e julho de 2023, doze doentes com cancro da próstata, com uma média de 72 anos, participaram no programa de treinos ‘PCaGoal’. O programa de exercício envolveu a realização de 2-3 sessões semanais, consistindo principalmente de jogo reduzidos de futebol de recreação, durante 8 meses. Os doentes marcaram presença, em média em 77% das sessões de treino. Os resultados indicaram melhorias substanciais em vários aspetos da saúde destes doentes, incluindo:
- Melhoria na aptidão física – Os participantes demonstraram uma clara melhoria na execução dos movimentos, com uma redução no tempo médio de 5,8 para 4,4 segundos, e um aumento na capacidade de resistência, percorrendo, na prova de marcha de 6 minutos, em média, 580 metros em comparação com 537,5 metros percorridos inicialmente. Este último teste tem sido proposto como fator de prognóstico para a sobrevivência dos doentes.
- Redução da pressão arterial – Ao longo do programa, verificou-se uma diminuição gradual da média da pressão arterial sistólica (baixou de 134 mmHg para 123 mmHg) e diastólica (passou de 80 mmHg para 73 mmHg) dos participantes, demonstrando benefícios para a saúde cardiovascular. Em geral, a pressão arterial média passou de 97 para 93,5 mmHg.
- Melhoria na qualidade de vida – Os doentes inscritos relataram melhorias no funcionamento cognitivo e uma redução nos sintomas de depressão associados ao cancro da próstata, o que evidencia o impacto positivo do projeto PCaGoal na saúde mental e social dos participantes.
Miguel Ramos, médico urologista e presidente da APU, sublinha que: “De modo geral, os doentes com cancro tendem a ser menos ativos do que os indivíduos que nunca viveram um processo de doença oncológica, sendo que a prática de exercício físico diminui após o diagnóstico.[[1]] Para mudar esta realidade e desmitificar o facto de doentes com cancro da próstata não poderem realizar prática de desporto, desenvolvemos o projeto ‘PCaGoal’ que reúne dois fatores aliciantes para motivar os doentes a serem mais ativos: um desporto que gostam (futebol) e colegas de equipa que enfrentam um desafio semelhante.”
Este programa criado pela APU, com o apoio da Bayer, ao qual se associou o FC Porto, utiliza o futebol de recreação para assegurar uma maior adesão à atividade física a longo prazo e contribuir para a redução do impacto do cancro da próstata.
“O sucesso do projeto ‘PCaGoal’ destaca o potencial do exercício físico como uma ferramenta eficaz na gestão do cancro da próstata. A atividade física regular deve ser complementar ao tratamento e desempenhar um papel central num modelo de cuidados integrados mais amplo, que idealmente inclua psicoterapia e nutrição”, destaca Sofia Mesquita, médica interna de Urologia e uma das impulsionadoras do PCaGoal.
Consulte mais informações sobre o PCaGoal AQUI. Se estiver interessado em participar no ‘PCaGoal’, ou se é profissional de saúde e gostaria de incluir os seus doentes neste programa de treinos, envie um e-mail para: pcagoal.urologia@gmail.com.