Reunião do NEGERMI debate os desafios e inovações no cuidado ao idoso em Portugal
A cidade de Tomar vai acolher, nos dias 28 e 29 de novembro de 2024, a 7.ª Reunião do Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI). Este evento, dedicado à saúde e tratamento dos doentes idosos, é uma oportunidade de discussão e atualização sobre temas essenciais da Medicina Interna, com um enfoque particular nas particularidades da Geriatria.
Sofia Duque, coordenadora do NEGERMI, destaca que o principal objetivo da reunião é “divulgar as particularidades dos doentes idosos e trazer para Portugal as melhores práticas na sua abordagem”. Num país onde “a população idosa representa quase um quarto da população”, conforme refere Pedro Marques, membro da comissão organizadora da reunião, é essencial que os profissionais de saúde estejam preparados para tratar estes doentes de forma individualizada. Entre os temas a serem debatidos estão doenças crónicas como diabetes, insuficiência cardíaca e doença renal crónica, todas analisadas sob a perspetiva geriátrica. Também serão discutidas síndromes comuns nos idosos, como o delirium, as quedas e as doenças do movimento, assim como a relevância da saúde oral na avaliação geriátrica global, uma área muitas vezes negligenciada.
Outro ponto inovador que será abordado é a inteligência artificial e o seu papel na abordagem do doente idoso, evidenciando o compromisso do NEGERMI com o futuro da Medicina. “Vamos sair da caixa e discutir o impacto que a inteligência artificial pode ter na monitorização e tratamento dos idosos com patologias crónicas”, revela Gonçalo Sarmento, membro da comissão organizadora da reunião.
Durante a reunião serão abordados também os desafios específicos no tratamento dos idosos em Portugal, onde, segundo Pedro Marques, “a gestão do doente crónico idoso é desafiante devido à coexistência de várias síndromes geriátricas que complicam o tratamento”. O especialista sublinha a complexidade de tratar condições como a insuficiência cardíaca e a diabetes nesta população, apontando que “esperamos responder a muitas das dúvidas que os médicos enfrentam no dia a dia”.
O envelhecimento da população em Portugal continua a influenciar significativamente a prática da Medicina Interna. Conforme afirma Pedro Marques, “o isolamento causado pela pandemia agravou muitos problemas cognitivos, psicológicos e funcionais nos idosos, criando novos desafios para os hospitais e as famílias”. Perante este cenário, segundo Sofia Duque, o NEGERMI tem estado na linha da frente, oferecendo formação contínua e atualizações clínicas aos profissionais de saúde, através de cursos, bolsas de estudo e eventos como esta reunião.
Gonçalo Sarmento acrescenta que serão discutidos os avanços na vacinação para os mais velhos, uma área que “já não é exclusiva dos mais jovens”, tendo um impacto positivo em todas as idades.
A abordagem multidisciplinar será também um dos pilares da reunião. “A avaliação do idoso não existe sem uma abordagem multidisciplinar”, realça Sofia Duque, destacando a importância da colaboração entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, terapeutas e outros profissionais de saúde para garantir um plano de cuidados completo e eficaz.
O NEGERMI tem sido um promotor ativo da formação contínua. O curso anual de Introdução à Geriatria, já na sua 13.ª edição, continua a atrair muitos profissionais de saúde, e outros cursos, como o de Nutrição Clínica Geriátrica e Doenças Neuropsiquiátricas, têm sido igualmente populares. A formação é ainda complementada pelas Open Sessions, encontros mensais online que permitem a discussão de casos clínicos e a partilha de conhecimentos entre colegas de todo o país. “Estas sessões têm criado uma verdadeira comunidade de profissionais dedicados à Geriatria”, explica Sofia Duque, mencionando a criação de um repositório educativo online, acessível a qualquer momento.
Com uma visão focada no futuro, o NEGERMI continua a promover iniciativas inovadoras, como a Bolsa NEGERMI para Estágios Clínicos de Geriatria, que apoia médicos de Medicina Interna a realizarem estágios em unidades de excelência na Europa. “Procuramos sempre dinamizar as nossas atividades e inovar, porque a Geriatria é uma área em constante progresso”, conclui a coordenadora.
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