5 de maio – Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar | Desconhecimento da doença pode conduzir a um atraso de até dois anos no diagnóstico
No Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar, que se assinala a 5 de maio, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) alerta para a importância de sensibilizar a população – e também os profissionais de saúde – para esta doença que é, ainda, muito subdiagnosticada.
A hipertensão pulmonar “pode ser uma doença grave, pelo que é importante promover um diagnóstico precoce, educando sobre os sintomas e os diferentes tipos de hipertensão pulmonar”, referem Ana Dias e Ana Cláudia Vieira, da SPP. As médicas pneumologistas destacam que, mesmo entre os profissionais de saúde, “existe a necessidade de um maior índice de suspeição para esta doença. Há, atualmente, um atraso médio de dois anos desde o aparecimento dos primeiros sintomas até ao diagnóstico”.
A hipertensão arterial pulmonar é uma doença rara e progressiva que afeta os vasos sanguíneos dos pulmões, causando um aumento anormal da pressão nas artérias pulmonares. Esta sobrecarga faz que o lado direito do coração tenha de se esforçar muito mais para bombear o sangue, o que pode levar, ao longo do tempo, a insuficiência cardíaca. A doença manifesta-se de forma silenciosa inicialmente, mas com o tempo surgem sintomas como falta de ar, fadiga e tonturas. Assim, de acordo com as especialistas, a presença destes sinais deve servir como alerta: falta de ar, mesmo com pequenos esforços, cansaço extremo, inchaço das pernas, dor ou sensação de pressão no peito, tonturas e, por vezes, desmaios.
“A existência de sintomas inespecíficos que são transversais a outras doenças mais comuns, como asma, doença pulmonar obstrutiva crónica ou insuficiência cardíaca; a necessidade de exames específicos, como ecocardiograma, provas de função respiratória, cintigrafia de ventilação-perfusão, entre outros que podem não estar diretamente disponíveis; a necessidade de um elevado índice de suspeição clínica – especialmente em estadios iniciais” são alguns dos desafios no diagnóstico da hipertensão pulmonar referidos por Ana Dias e Ana Cláudia Vieira e que conduzem à média de dois anos entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico da doença.
Um incorreto diagnóstico e tratamento têm impacto na redução da qualidade de vida e da esperança média de vida, além de conduzirem a uma limitação da capacidade de realizar as atividades diárias, alertam as médicas pneumologistas. “Em alguns casos mais graves, os doentes necessitam de medicação contínua e de oxigénio suplementar. É uma doença que, realmente, pode estar relacionada à ansiedade e depressão, dado o impacto emocional e psicológico associado. Em Portugal, destacam, “existem vários centros de referência especializados na área de Hipertensão Pulmonar (como o Hospital de Santa Maria, o Hospital Garcia de Orta e o Hospital de São João). No nosso país, os doentes com hipertensão pulmonar têm acesso aos tratamentos recomendados pelas guidelines internacionais nestes centros de referência”.
Para assinalar este dia, com o objetivo de mostrar que “a hipertensão pulmonar pode ser uma doença desafiante, que muda rotinas e exige resiliência, mas que, com o diagnóstico acertado, acompanhamento médico especializado e acesso aos tratamentos adequados, é possível recuperar qualidade de vida”, a SPP divulga um vídeo com mais informação sobre esta doença e os seus sintomas e que inclui o testemunho de dois doentes com diferentes tipos de hipertensão pulmonar. Para Ana Dias e Ana Cláudia Vieira é importante evidenciar que, perante a existência de hipertensão pulmonar, “há terapia, há esperança e, acima de tudo, há vida depois do diagnóstico”.