Outono traz desafios acrescidos para os doentes alérgicos, alerta SPAIC
Com o final do verão a chegar, “sabemos que se aproxima uma estação desafiante para os doentes alérgicos”, alerta Ana Morête, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC). Os motivos para o agravamento das doenças alérgicas no outono podem ser vários, como explica a imunoalergologista: “as temperaturas diminuem, a humidade aumenta, arejamos menos as casas e permanecemos mais tempo dentro das habitações. Assim, temos todas as condições para o aumento da concentração dos ácaros do pó e dos fungos, principais responsáveis pelos sintomas alérgicos respiratórios”.
João Gaspar Marques, da direção da SPAIC, reforça a importância de arejar a casa e de manter uma limpeza adequada como as principais formas de prevenção. “As pessoas alérgicas aos ácaros do pó têm sintomas durante todo o ano, mas estes tornam-se mais intensos nas mudanças de estação, como a primavera e o outono e isto ocorre, em parte, devido ao aumento da humidade. Os sintomas habituais são provocados, normalmente, pela rinite, com espirros e congestão nasal – sobretudo de manhã ou ao deitar -, no entanto, também pode surgir asma brônquica, manifestada por falta de ar, pieira ou tosse” refere o imunoalergologista.
“Os ácaros encontram-se sobretudo no quarto, principalmente na cama, já que se alimentam das partículas de pele que descamamos, qualquer tecido é sempre mais suscetível a acumular ácaros do que uma superfície lisa”, acrescenta João Gaspar Marques, pelo que a SPAIC deixa algumas recomendações para prevenir as alergias aos ácaros do pó, mas também aos fungos.

Coincidindo a chegada do outono com o início do novo ano letivo, Ana Morête ressalva ainda que, neste momento em que existe a exposição a novos ambientes, alérgenos e microrganismos como os vírus, “é comum que surjam as primeiras manifestações alérgicas, especialmente em crianças que frequentam creches ou escolas pela primeira vez”. É, por isso, importante estar atento a sinais como:
– Espirros frequentes e lacrimejo: salvas de espirros, olhos vermelhos, comichão ou lacrimejo são sinais de rinite ou conjuntivite alérgica;
– Congestão nasal persistente: se a criança parece estar sempre “constipada”, com obstrução nasal e sem febre ou outros sintomas típicos de infeção, pode ser rinite alérgica;
– Tosse seca, especialmente à noite: pode indicar asma ou irritação das vias respiratórias por alérgenos ácaros ou fungos;
– Prurido cutâneo ou manchas avermelhadas na pele: dermatite atópica é comum em crianças e pode ser agravada por alérgenos ambientais ou alimentares;
– Problemas gastrointestinais após refeições: diarreia, vómitos ou dor abdominal podem indicar alergia alimentar, especialmente se associados a certos alimentos.