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“É muito importante dar visibilidade ao trabalho dos enfermeiros especialistas em Reabilitação”

“É muito importante dar visibilidade ao trabalho dos enfermeiros especialistas em Reabilitação”

No âmbito do Congresso Internacional de Enfermagem de Reabilitação 2019, que teve lugar no Centro de Congressos de Aveiro, de 5 a 7 de dezembro, a enfermeira Teresa Dotti, presidente da Comissão Organizadora, falou sobre o balanço e as novidades desta edição. O papel e a importância da enfermagem de reabilitação foram também assuntos abordados.

 Raio-X (RX) – Atualmente, o papel da enfermagem de reabilitação tem o devido reconhecimento?

Teresa Dotti (TD) – Acreditamos que o reconhecimento é diretamente proporcional à apresentação de resultados e os enfermeiros de reabilitação, tal como a maioria dos enfermeiros, são brilhantes executores, mas não avaliam sistematicamente o resultado das suas intervenções. Nós, os doentes e famílias alvos dos cuidados e quem trabalha com os enfermeiros de reabilitação, sabemos o impacto que as intervenções de enfermagem de reabilitação têm na qualidade de vida dos doentes, na sobrevida, na diminuição dos dias e do número de internamentos, na adesão terapêutica e em tantos outros indicadores, contudo, na realidade são dados a nível nacional ainda muito subjetivos. As dotações sistematicamente insuficientes de enfermeiros e de enfermeiros especialistas têm condicionado o investimento, que pensamos ser obrigatório na avaliação de resultados.

RX – Qual a importância da enfermagem de reabilitação?

TD – Consideramos que os exemplos dizem mais do que as frases feitas e a importância das intervenções dos enfermeiros de reabilitação é linear, por exemplo, na reabilitação de um doente com acidente vascular cerebral (AVC), onde os posicionamentos e as mobilizações precoces e adequadas podem fazer toda a diferença na diminuição das limitações futuras, na limpeza das vias aéreas dos doentes com bronquiectasias, diminuindo drasticamente o número de infeções e a necessidade de antibioterapia, na mobilização e exercício de um doente com enfarte agudo do miocárdio onde a intervenção precoce – Fase 1 está intrinsecamente ligada à qualidade de vida futura.

RX – Qual o balanço que faz do último Congresso?

TD – O balanço é extremamente positivo pela qualidade dos trabalhos apresentados, pela partilha de saberes e vivências e pelo número de participantes que se mobilizaram.

RX – Houve novidades nesta edição comparativamente à anterior?

TD – Neste ano abrimos as apresentações a enfermeiros de todo o país, o que nos permitiu contactar com experiências muito diferentes das nossas no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, como, por exemplo, dos Cuidados Continuados. Esta diversidade de contextos permitiu comparar e discutir diferentes abordagens e consideramos que foi um enorme sucesso. Nesta edição realizaram-se sete workshops nas áreas da oxigenoterapia, ventilação não invasiva, cough assist, oxigénio de alto fluxo e administração de alfa 1 antitripsina.

RX – Quais os principais objetivos deste encontro anual?

TD – O principal objetivo é a formação dos enfermeiros. Estes espaços servem para aprendermos o que melhor se faz em cada serviço de Norte a Sul e Ilhas. Também consideramos que é muito importante dar visibilidade ao trabalho dos enfermeiros especialistas em Reabilitação e ainda nos assumimos como “motor” para o desenvolvimento da especialidade.

Por Marisa Teixeira