A hipertensão arterial é mais comum nas pessoas com diabetes
No âmbito do Dia Mundial da Hipertensão Arterial, que se assinalou a dia 17 de maio, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) alerta para a importância do papel do doente na prevenção de complicações associadas à diabetes e à hipertensão, uma patologia que é duas vezes mais comum nas pessoas com diabetes.
“A hipertensão arterial na diabetes tem características específicas, com maior prevalência de hipertensão noturna, o que confere um risco acrescido de eventos cardiovasculares. É fundamental estarmos atentos à variabilidade tensional do indivíduo com diabetes, assim como ao perfil glicémico do doente com hipertensão arterial. Para isso é essencial otimizar o controlo dos níveis tensionais, através de medições regulares em ambulatório, razão pela qual o processo de educação terapêutica junto do doente, feita pelos profissionais de saúde que o seguem, é ponto-chave para se atingirem objetivos de controlo. Sensibilização, ensino, simplificação do esquema terapêutico, seleção e ajuste de fármacos, com base numa individualização de risco. Cada caso é um caso.” afirma Pedro Matos, cardiologista da APDP.
A diabetes é uma das principais causas para a progressão da doença renal, à semelhança da hipertensão arterial. Estas patologias, quando combinadas, apresentam um risco acrescido para a insuficiência renal terminal. A própria insuficiência renal é, também ela, um poderoso fator de risco para eventos cardiovasculares.
“Temos de explicar adequadamente às pessoas com diabetes de que forma pode ser feita uma prevenção mais eficaz. Os valores de pressão arterial desejáveis nesta população são inferiores aos da população em geral, pelo que são exigíveis formas de intervenção estruturadas e múltiplas, quer na modificação do estilo de vida, quer no recurso a combinação de vários fármacos para conseguir algum grau de eficácia. O próprio doente tem de estar sensibilizado e educado para adotar estas medidas, fazer o seu autocontrolo regular e interagir com os profissionais de saúde, para ajuste terapêutico” reforça Pedro Matos. Em todo este processo, e tendo em conta que estamos a falar de 2 doenças crónicas, o cardiologista destaca ainda que temos dois agentes cuja ação se complementa: “a pessoa com diabetes, devidamente instruída para um autocontrolo da sua diabetes e tensão arterial, e o profissional de saúde, capaz de definir o nível de risco, a seleção de fármacos para cada um e o ajuste terapêutico consoante os resultados.”
Na situação atual em que vivemos, as pessoas com doenças crónicas, como a diabetes e a hipertensão, são dos grupos mais vulneráveis ao desenvolvimento de complicações graves com a infeção por COVID-19. “Deve ser definida uma estratégia que assegure a segurança destes grupos de risco em relação ao trabalho presencial. Essa estratégia, que depende do controlo metabólico individual, das comorbilidades e do próprio contexto laboral, deve ser da responsabilidade do médico assistente, o mais habilitado pelo seu contacto regular com a pessoa com diabetes, para decidir, com base nas premissas anteriores, o potencial de um eventual contágio.” alerta José Manuel Boavida, presidente da APDP.
Em caso de dúvidas ou necessidade de acompanhamento, a APDP disponibiliza ainda a Linha de Apoio Diabetes (21 381 61 61), das 8h às 20h, incluindo fins-de-semana.