Burnout nos cuidadores informais

As alterações demográficas que se fazem sentir em Portugal, bem como na família, aumento de famílias do tipo nuclear, faz com que quando um dos elementos fica dependente toda a dinâmica familiar sofra alterações. Estas alterações serão tanto maiores quanto maior for a dependência.

A família permanece como a instituição mais antiga no cuidar. Na presença de uma doença ou outro tipo de dependência num elemento familiar a família vai ser sujeita a uma série de modificações no seu dia a dia. Assim, a família, ou sofre um processo de ajustamento ou, se não consegue ultrapassar as adversidades, depara-se com uma situação de crise.
Quando a família se compromete a cuidar de um familiar, emerge um elemento que vai assumir a responsabilidade inerente ao ato de cuidar, não sendo remunerado para o efeito. Habitualmente os critérios presentes no aparecimento de um cuidador informal são: proximidade parental, afetiva, sentimentos de obrigação, proximidade física, vontade expressa do dependente e o género (preferencialmente mulher).
Cuidar pode ser entendido como o ato ou tarefa de zelar pelo bem-estar de alguém, prestando assistência, assumindo a responsabilidade e os encargos inerentes a esse ato. É um processo interativo entre o cuidador e a pessoa cuidada. Orienta-se para o colmatar de necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais da pessoa dependente, assumindo-se uma visão holística da mesma, como um ser biopsicossocial.
No que concerne aos cuidadores informais, os impactos da dependência atingem um vasto leque de aspetos da vida familiar e potenciam o sofrimento em termos de aumento da sobrecarga e perda de qualidade de vida. São impactos de natureza psicossocial, na saúde física, socioeconómicos e situacionais. Tais impactos estão relacionados sobretudo com: cuidados diretos contínuos e intensos de vigilância e tratamento; falta de competências / informação de como cuidar de alguém dependente; sobrecarga de tarefas e aumento de responsabilidade como único cuidador e possíveis conflitos familiares; dificuldade de adaptação às exigências emocionais e de tempo; falta de recursos económicos e ajudas técnicas e ainda quebra de rotina diária familiar e social.
Estas situações se não forem corretamente sinalizadas e prestado um apoio por mais do que um cuidador, sem tempos de descanso e acompanhamento por equipa especializada dando suporte a todas as dúvidas, anseios e preocupações pode levar a um Burnout do cuidador informal. A síndrome de Burnout pode ser entendido como um desgaste, uma exaustão física e emocional, decorrente de um trabalho excessivo e exigente, em termos físicos, emocionais e/ou psicológicos.

Os sintomas desta síndrome são diversos e podem ser divididos em quatro categorias:
1.    Físicos: Sensação de fadiga constante e progressiva, perturbações do sono, dores musculares, perturbações gastrointestinais, baixa resistência imunológica, astenia, cansaço intenso, cefaleias, alterações cardiovasculares;
2.    Psíquicos: Diminuição da memória, falta de atenção e concentração, diminuição da capacidade de tomar decisões, fixações de ideias e obsessão por determinados problemas, ideias fantasiosas ou delírios de perseguição, sentimento de alienação e impotência, labilidade emocional, impaciência;
3.    Emocionais: Desânimo, perda de entusiasmo e alegria, ansiedade, depressão, irritação, pessimismo, baixa autoestima;
4.    Comportamentais: Isolamento, perda de interesse pelo trabalho ou atividades de lazer, comportamento menos flexível, perda de iniciativa, lentidão no desempenho das funções, aumento do consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e até mesmo drogas ilícitas, aumentando a agressividade.

Para que a transição de saúde/doença e hospital/domicilio ocorra de forma eficaz sem prejuízo para a pessoa dependente nem para o cuidador informal é necessário existir uma articulação efetiva entre os recetores de cuidados (pessoa dependente e cuidador) e profissionais de saúde. O suporte a proporcionar pode abranger diferentes perspetivas, nomeadamente assistência, educação, informação e esclarecimento dos benefícios que podem usufruir.

Opinião de João Lourenço Rombo
Diretor Geral IberSaúde

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