Epilepsia em idade pediátrica em foco no Congresso da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria

Sofia Quintas, neuropediatra e membro da Comissão Organizadora do Congresso da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, partilha com o Raio-X um artigo sobre a epilepsia em idade pediátrica, que pela prevalência e novidades terapêuticas será o tema central do 15.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, que vai decorrer nos dias 13 e 14 de maio em formato virtual.

Calcula-se que uma em cada 100 crianças tenha ou venha a desenvolver epilepsia e que esta representa uma das principais causas de doença crónica na idade pediátrica. Pela prevalência da patologia e pelos avanços crescentes que se têm verificado nos últimos anos em termos de compreensão da sua etiopatogénese e de novas terapêuticas, decidimos dedicar este Congresso da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria a este tema.

O principal objetivo do Congresso é apresentar uma revisão alargada da realidade atual – internacional e em Portugal – relativamente ao acompanhamento das crianças e adolescentes com epilepsia, bem como os principais avanços registados nos últimos anos, contribuindo para a atualização de conhecimentos e consciencialização de todos os que trabalham nesta área ou, de forma mais geral, que lidam com estes doentes.

Nesta área da Medicina, os principais desafios prendem-se com o aprofundar do conhecimento sobre a etiologia (causas) das diferentes epilepsias, prevenir as comorbilidades da epilepsia (cognitivas, comportamentais e psicossociais), desenvolver novas terapêuticas com menos efeitos secundários e terapêuticas dirigidas especificamente à causa/mecanismo de cada epilepsia, logo, com um potencial curativo global maior. Nos últimos anos, surgiram avanços muito significativos em qualquer uma destas áreas, nomeadamente na área da genética, sendo que o conhecimento das causas de epilepsia cresceu exponencialmente na última década. Já na área da terapêutica têm surgido constantemente novos fármacos. Surgiram ainda novas técnicas cirúrgicas ou de neuroestimulação e iniciaram-se os primeiros estudos para terapia génica de algumas epilepsias graves da infância.

No campo da epilepsia, a realidade portuguesa coloca-nos ao mesmo nível de outros países europeus: dispomos de consultas de neuropediatria/epilepsia em várias cidades do país (Porto, Vila Nova de Gaia, Braga, Guimarães, Coimbra, Leiria, Lisboa, Cascais, Loures, Amadora, Almada, Barreio, Beja e Faro) e, neste momento, temos 5 Centros de Referência de Epilepsia Refratária, garantindo assim a prestação de todos os tipos de tratamento que estão disponíveis a nível mundial aos portugueses com epilepsia. Três destes centros fazem também parte integrante da Rede Europeia de Epilepsias raras (Epicare), estando assim em ligação e discussão permanente com outros centros especializados nesta área na Europa.

Por vezes, existem algumas demoras no acesso a alguns novos fármacos ou à cirurgia, mas que acabam invariavelmente por se ultrapassar.

Concluindo, importa referir que a epilepsia não são só as crises. Por um lado, é necessário dedicar atenção a todas as comorbilidades que podem acompanhar a epilepsia. Por outro, existe uma mensagem positiva a passar: a epilepsia é tratável e os doentes com epilepsia podem e devem ter uma vida o mais “normal” possível, beneficiando de todas a oportunidades, tal como os seus pares.

 

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