O AVC é tratável: avanços e desafios

No passado dia 29 de outubro comemorou-se o Dia Mundial do AVC – Acidente Vascular Cerebral – baseado no tema “O AVC é tratável”. Esta é uma iniciativa lançada pela World Stroke Organization (WSO), à qual a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) e a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia de intervenção (SPNI), recentemente constituída, aderiram.

O AVC é, em Portugal, a primeira causa de morte e de incapacidade. Assim, é inquestionável a enorme importância desta enfermidade na saúde pública, bem como o papel decisivo na redução dos seus efeitos devastadores que têm os decisores políticos, profissionais de saúde, media e comunidade em geral.

Há ainda a salientar a importância das medidas preventivas do AVC, nomeadamente o controlo da hipertensão arterial, da diabetes, da aterosclerose, do tabagismo, da obesidade, das doenças cardíacas, como as arritmias, e ainda a adoção de uma alimentação e exercício físico adequados a uma vida saudável.

Igualmente há que realçar que o AVC é, atualmente, tratável, desde que o doente chegue a um hospital com capacidade terapêutica para esta situação dentro da denominada janela terapêutica, que está considerada até às 6 horas após os primeiros sintomas. Depois deste tempo o tecido cerebral irrigado pela artéria ocluída não sobrevive. Assim, a questão fundamental nestes doentes assenta em dois pilares: o primeiro é a suspeita precoce que o doente está a desenvolver um AVC com base nos sinais de alerta, os chamados 3 F’s – dificuldade de falar, desvio da face e falta de força num braço; e o segundo é o transporte imediato para uma Unidade Hospitalar integrada na Via Verde do AVC.

“O AVC é, em Portugal, a primeira causa de morte e de incapacidade. Assim, é inquestionável a enorme importância desta enfermidade na saúde pública, bem como o papel decisivo na redução dos seus efeitos devastadores que têm os decisores políticos, profissionais de saúde, media e comunidade em geral”

Até 2015 o tratamento urgente destes doentes assentava na trombólise farmacológica – administração endovenosa ou intra-arterial de agentes químicos para dissolver o coágulo. Nos últimos anos, com o desenvolvimento e diferenciação da Neurorradiologia de Intervenção, o paradigma da terapêutica destes doentes sofreu profunda alteração e passou a incluir a realização de trombectomia mecânica, o que implica a remoção do coagulo através de microcatéteres que são conduzidos até a circulação cerebral.

Esta nova orientação terapêutica tem sido traduzida numa acentuada melhoria dos resultados terapêuticos, particularmente nos casos mais graves e nos doentes jovens. No seguimento desta nova possibilidade de tratamento nos hospitais centrais dos centros metropolitanos de Lisboa Porto e Coimbra iniciou-se, este ano, uma única urgência – prevenção organizada entre todos os centros hospitalares e que inclui a Neurologia Vascular e a Neurorradiologia de Intervenção. O desafio que se vai colocar nos próximos anos é o alargamento desta rede aos hospitais centrais do interior, nomeadamente Faro, Évora, Viseu e Vila Real, de modo a toda a população portuguesa poder dispor das mesmas condições de tempo e da possibilidade de tratamento urgente no caso de sofrer um AVC.

 

Prof. Dr. Jorge Campos

Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia de Intervenção

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