Seis sociedades médicas elaboram documento consenso reforçando a importância e a segurança da vacinação contra a gripe

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), a Sociedade Portuguesa de Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica (SPDIMC), a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia (SPGG) e o Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna (NEGERMI-SPMI) – publicaram, neste início de ano, um documento consenso com uma série de recomendações que pretendem reforçar a importância da vacinação contra a gripe nas populações mais vulneráveis, como os idosos e doentes crónicos, desmistificando também conceitos errados que existem em torno da segurança e eficácia da vacina.

Partindo de evidências científicas, neste consenso, as seis sociedades médicas discutem quais as melhores práticas para promover o aumento da vacinação em determinados grupos, como as pessoas entre os 60 e 65 anos, as pessoas com comorbilidades, as mulheres grávidas e os profissionais de saúde. Além disto, elaboraram também algumas recomendações para mitigar o impacto que a gripe tem, anualmente, em Portugal e que tanto se tem discutido nos últimos dias.

Contextualizando, a gripe é uma das principais causas de mortalidade a nível mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima entre três a cinco milhões de casos anuais de doença grave, tendo uma especial incidência nas pessoas mais vulneráveis, como os idosos, as crianças com menos de cinco anos, as mulheres grávidas e os doentes crónicos. A gripe pode resultar em complicações sérias para a saúde, levando a hospitalizações e causando custos elevados para o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A vacinação anual é considerada a medida mais eficaz na prevenção da gripe e das suas complicações, sendo a sua eficácia e segurança reforçada nesta posição conjunta das sociedades. No nosso país a cobertura da vacinação tem aumentado, tendo sido alcançada uma taxa de 76% nos adultos com 65 anos ou mais anos em 2019-2020 (meta da EU é de 75%), reflexo da eficácia das políticas do país para apoiar e facilitar o acesso à vacinação.  De acordo com os dados do Vacinómetro (projeto que permite monitorizar em tempo real a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela DGS), este sucesso deve-se a três pilares: fácil acesso à vacinação, recomendação pelos profissionais de saúde e aumento da literacia e consciencialização da população através de campanhas desenvolvidas por entidades governamentais e sociedades médicas.  De acordo com os mais recentes dados do Vacinómetro, divulgados a 23 de janeiro de 2024, no nosso país, 77,7% dos indivíduos com 65 anos ou mais já foram vacinados contra a gripe na época gripal de 2023/2024, ultrapassando, mais uma vez, a meta de 75% proposta pela OMS.  Apesar de Portugal ter uma boa taxa de cobertura de vacinação, é necessário continuar a promover este aumento.

Neste consenso, os profissionais de saúde das diferentes especialidades fazem também referência às implicações que a infeção pelo vírus influenza tem nos doentes com diferentes comorbilidades, como na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) – sendo as infeções por vírus respiratórios a causa de muitas exacerbações nesta patologia -, nas doenças cardíacas – causando um aumento do risco de enfarte do miocárdio e na diabetes – com os doentes diabéticos a apresentarem taxas mais altas de hospitalização, admissão em urgências e mortes relacionadas à gripe.

Na população com mais de 70 anos, que está, neste momento, a sofrer um maior impacto em termos de hospitalização e mortalidade por gripe, a vacina de dose elevada assegura uma maior proteção, tendo em conta que gera a produção de mais anticorpos. Para os doentes institucionalizados em estruturas residenciais para pessoas idosas, esta vacina é administrada gratuitamente. No sentido de mitigar desigualdades, é importante que a vacina de dose elevada esteja igualmente acessível às pessoas idosas não institucionalizadas.

Assim, considerando todas as evidências científicas recolhidas, as sociedades médicas apresentam as seguintes recomendações e conclusões:

– A vacinação contra a gripe é a base do esforço para reduzir o impacto da gripe e suas complicações, especialmente em grupos de alto risco, como idosos, crianças pequenas, mulheres grávidas e doentes crónicos.

– As vacinas são seguras e eficazes. Para as pessoas com 65 anos ou mais é recomendada uma vacina com uma dose mais elevada de vírus inativado.

– Existem estudos que demonstraram que a vacinação contra a gripe reduz significativamente as hospitalizações e a mortalidade em doentes imunocomprometidos e em doentes com doenças respiratórias, como a DPOC, doenças cardiovasculares e diabetes. Estes grupos de alto risco devem ser vacinados anualmente e os profissionais de saúde devem garantir a prescrição oportuna.

– Estes grupos de alto risco devem ser vacinados anualmente e os profissionais de saúde devem garantir a prescrição atempada, inclusive, no momento da alta hospitalar.

– A vacinação dos profissionais de saúde contra a gripe é fundamental dada a sua maior exposição ao vírus (risco de infeção) e a doentes de alto risco (risco de transmissão). A vacinação destes profissionais confere múltiplos benefícios, tais como o controlo de infeções em ambientes de saúde, menor absentismo, redução da mortalidade e a promoção da vacinação pelo exemplo que representa.

– A meta da UE de uma taxa de cobertura vacinal de 75% para indivíduos com idade superior a 65 anos foi alcançada em Portugal devido à vacinação gratuita e de fácil acesso, às recomendações dos profissionais de saúde, à vigilância epidemiológica e às campanhas nacionais de sensibilização.

– Para aumentar as taxas de cobertura vacinal são necessárias estratégias como uma maior literacia em saúde e uma maior acessibilidade e gratuidade das vacinas.

Documento original disponível AQUI

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