SPTF: “Interdisciplinaridade é para esta Sociedade um conceito chave”

Entre os próximos dias 13 e 15 de maio terá lugar, na Fábrica Santo Thyrso, o I Congresso Internacional da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala. Em entrevista ao Raio-X, Ricardo Santos, presidente da sociedade e do Congresso, aponta alguns dos principais temas em destaque no evento e realça o reconhecimento que, ao longo dos últimos anos, a Terapia da Fala tem vindo a receber enquanto disciplina transversal a várias áreas científicas.

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         Ricardo Santos, Presidente da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala

RaioX“Terapia da Fala em Evidência” é o tema que dá mote ao I Congresso Internacional da SPTF. Na sua perspetiva, é evidente, em Portugal, o lugar da Terapia da Fala como disciplina transversal a várias áreas científicas?

Ricardo Santos – O tema do congresso tem uma dualidade na sua interpretação que remete à evidência científica necessária para as práticas profissionais, assim como o papel fundamental da investigação científica, e o colocar em evidência a Terapia da Fala enquanto área de atuação fundamental em diferentes domínios e transversal a diferentes áreas. A nossa designação (Terapia da Fala) é bastante redutora naquilo que é o seu âmbito e áreas de atuação. Neste congresso procuramos abordar diferentes áreas de atuação, com oradores de diferentes disciplinas científicas. Procuramos inovar nesse sentido sendo um congresso de Terapia da Fala que não se dirige apenas a terapeutas da fala, como se poderá verificar pelo programa científico que foi elaborado. Interdisciplinaridade é para esta Sociedade um conceito chave, mas ainda um conceito em construção dentro da área da saúde. Cada vez mais são mais claros os benefícios de práticas centradas nesta metodologia de atuação, sendo para nós verdadeiramente estratégico e vital que a Terapia da Fala demonstre o seu contributo em diferentes contextos, equipas e áreas do saber. Para isso, é fundamental deixar de se ter um pensamento ‘hermético’ mas sim participado e plural. Este é ainda um caminho a percorrer e que irá demonstrar o papel de cada área científica e do seu todo na qualidade dos serviços prestados.

“Cada vez mais são mais claros os benefícios de práticas centradas nesta metodologia de atuação, sendo para nós verdadeiramente estratégico e vital que a Terapia da Fala demonstre o seu contributo em diferentes contextos, equipas e áreas do saber”

RX Quais são os principais objetivos desta primeira edição do Congresso?
RS – Os principais objetivos deste primeiro congresso são promover a partilha e atualização científica numa perspetiva interdisciplinar, contribuir para o (re)conhecimento da relevância da Terapia da Fala em diferentes contextos e domínios da saúde e da educação, estimular a produção e divulgação de trabalhos científicos desenvolvidos. Obviamente que existem outros objetivos como o de promover o estabelecimento de sinergias entre os congressistas e parceiros do congresso, assim como o de promover momentos de confraternização entre todos os participantes, destacando o Jantar de Gala do congresso onde no final irá ser atribuído o primeiro Prémio de Mérito Científico da SPTF, como forma de reconhecer o contributo para o desenvolvimento científico de algumas individualidades ou instituições, por processo de nomeação e eleição pelos Departamentos Científicos e membros associados da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala – SPTF. Destacamos também a realização de uma “Mostra Social”, uma área reservada no Congresso para instituições e associações de cariz social e educacional no âmbito da terapia da fala, com o objetivo principal de promover a divulgação das mesmas e da criação de sinergias entre elas e os diversos congressistas. O Congresso conta na primeira fase de inscrições com 300 congressistas, o que nos deixa bastante satisfeitos.

RXVão ser promovidos dois Cursos de atualização científica. O que podemos esperar em cada um deles?
RS– De uma forma muito sintética: práticas inovadoras, sustentadas cientificamente e apresentadas por oradores de referência nacional e internacional. Houve a preocupação por parte dos Departamentos Científicos da SPTF de acrescentar valor e competências diferenciadoras aos participantes dos mesmos, abordando temas menos desenvolvidos no âmbito académico, clínico e formativo na realidade nacional da Terapia da Fala. Como exemplo, o Curso Satélite com o Prof. Doutor Ingo Titze (Universidade do Iowa, EUA) com o tema ‘Atualizações na Investigação em Voz’. Quanto aos workshops pré congresso, organizados pelos Departamentos Científicos da SPTF, todos são muito pertinentes e atuais embora em diferentes áreas de actuação. Procuramos esta pluralidade de temas e metodologias de formação para ir ao encontro das reais necessidades e temas de relevância na atualidade das práticas profissionais e científicas.

“Os principais objetivos deste primeiro congresso são promover a partilha e atualização científica numa perspetiva interdisciplinar, contribuir para o (re)conhecimento da relevância da Terapia da Fala em diferentes contextos e domínios da saúde e da educação, estimular a produção e divulgação de trabalhos científicos desenvolvidos”

RX Quais os “temas quentes” deste Congresso, quer destacar alguns?
RS – Os ‘temas quentes’ são a interdisciplinaridade e as práticas baseadas nas evidências científicas atuais. Esperamos que em todos os momentos e apresentações fique claro essa necessidade para melhoria contínua de práticas e de serviços prestados. Tenho a convicção que será conseguido na sua totalidade, considerando a qualidade dos oradores assim como os temas abordados no Congresso. Contamos com referências internacionais em diferentes áreas, como disfagia, voz, audição, linguagem, motricidade orofacial, entre outras.

RXO Congresso conta com um painel de especialistas nacionais e estrangeiros de reconhecido mérito científico. O que podemos aprender com os parceiros internacionais sobre as aplicações desta área do saber?
RS – A partilha de experiências e boas práticas permite-nos sempre refletir e desenvolver. Ter a oportunidade de estar com oradores de referência internacional permite-nos abrir horizontes e definir linhas de investigação e sinergias que podem fazer a diferença no cenário nacional. Procuramos trazer temas novos, atuais e diferenciadores e esperamos que os congressistas tirem o máximo partido destas experiências. Estes são por excelência momentos para se definirem rumos e estabelecerem parcerias. Esperamos que tal também aconteça.

“Procuramos trazer temas novos, atuais e diferenciadores e esperamos que os congressistas tirem o máximo partido destas experiências. Estes são por excelência momentos para se definirem rumos e estabelecerem parcerias. Esperamos que tal também aconteça”

RXComo perspetiva o futuro da Terapia da Fala?
RS – A Terapia da Fala tem revelado um enorme crescimento nos últimos anos, fruto do aumento do número de profissionais, do desenvolvimento académico e científico e de algumas mudanças sociais que contribuem para a relevância da atuação da terapia da fala, nomeadamente na área do envelhecimento, entre outras onde tem sido demonstrada a necessidade da intervenção da terapia da fala. Gostaria também de realçar o número de submissões para este congresso: 76, o que demonstra o trabalho científico que é desenvolvido e nos orgulha bastante, sendo este o I Congresso Internacional da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala. A atual realidade propicia que os terapeutas da fala procurem diferentes contextos e áreas de atuação. Tal tem vindo a verificar-se e tem existido uma procura crescente em algumas áreas. O (re)conhecimento por diferentes áreas científicas do papel da Terapia da Fala permitirá novas oportunidades profissionais e de investigação. Quem imaginaria há alguns anos atrás que o Terapeuta da Fala faria investigação e exercesse a sua prática em áreas como a apneia obstrutiva do sono, cirurgia ortográfica, entre outras? Hoje em dia isso começa a ser uma realidade, fruto do trabalho de todos os profissionais que no seu dia a dia promovem e divulgam a Terapia da Fala. São todos responsáveis e verdadeiros ’embaixadores’ deste desenvolvimento. O contributo de todos e de cada um é fundamental. Enquanto SPTF sentimo-nos motivados para criar mais oportunidades e pretendemos motivar diferentes “atores” neste sentido.

Mais informações na página do Congresso AQUI.

Patrícia Rebelo

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