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Uma em cada 14 famílias portuguesas não come adequadamente por falta de dinheiro

Uma em cada 14 famílias portuguesas não come adequadamente por falta de dinheiro

“Uma em cada 14 famílias portuguesas pode não consumir alimentos suficientes devido à falta de dinheiro”, alertou Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde, no contexto do relatório “Portugal – Alimentação Saudável em Números 2015”, hoje apresentado. Nas palavras do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, é preciso “investir em políticas que promovam a melhoria dos hábitos alimentares dos portugueses”.

As conclusões reportam-se ao estudo INFOFAMÍLIA, com dados relativos a 2014. Neste estudo, a falta de dinheiro foi apontada como a principal razão para “nem sempre comer o suficiente” (22,8%) e para “nem sempre ter os alimentos que quer ou precisa” (24,7%), o que, em ambos os casos, representou alterações no padrão alimentar.

Não é, por isso, surpreendente, que “os hábitos alimentares inadequados sejam o primeiro fator de risco de perda de anos de vida no nosso país, logo seguido da hipertensão arterial e do índice de massa corporal”, conforme salientou Pedro Graça. Estudos internacionais apontam a má alimentação como responsável por 11,96% do total de anos de vida prematuramente perdidos pelas mulheres portuguesas, percentagem que sobe para 15,27% no sexo masculino.

“Os hábitos alimentares inadequados são o primeiro fator de risco de perda de anos de vida no nosso país, logo seguido da hipertensão arterial e do índice de massa corporal”, Pedro Graça, diretor do PNPAS

“Ainda não percebemos como comer e não percebemos a influência da alimentação na nossa vida e no seu prolongamento”, sintetizou Francisco George, Diretor Geral da Saúde, em comentário aos resultados apresentados. Na mesma linha, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde lembrou que “uma alimentação adequada, aliada à prática de exercício físico, é suficiente para manter a saúde e prevenir doenças crónicas degenerativas, como a diabetes, cancro e doenças cardiovasculares”, ou, em poucas palavras “o alimento deve ser o seu medicamento”.

Por outro lado, a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, apontou que “continuamos a não fazer o rastreio do estado nutricional do doente à entrada do Serviço Nacional de Saúde” e dirigiu uma palavra ao Secretário de Estado Adjunto e da Saúde para que “coloque a nutrição verdadeiramente na agenda política”.

Jovens afirmam raramente comer fruta e legumes

Há cada vez mais crianças e jovens em idade escolar que afirmam nunca ou raramente comer fruta e produtos hortícolas. Este facto preocupa os representantes do PNPAS, já que “a Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo diário de pelo menos 400g de fruta e hortícolas, o equivalente a aproximadamente 5 porções diárias destes alimentos”, refere o relatório. Por outro lado, também o efeito dos alimentos com elevada densidade energética no crescimento e na saúde das crianças, em particular na obesidade, tem sido um dos aspetos mais largamente estudado, dado o aumento exponencial da disponibilidade destes alimentos nas últimas décadas. O consumo de doces e refrigerantes é feito pelo menos uma vez por semana, de acordo com o estudo Health Behaviour in School-aged Children, desenvolvido pela OMS.

“Uma alimentação adequada, aliada à prática de exercício físico, é suficiente para manter a saúde e prevenir doenças crónicas degenerativas, como a diabetes, cancro e doenças cardiovasculares”, Fernando Araújo, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde

Fernando Araújo explicou que o “apesar do nível de obesidade infantil indicar uma estabilização, é ainda um problema importante que exige políticas e medidas para a sua resolução”, pois a proporção de crianças com excesso de peso em Portugal mantém-se acima da média europeia.

Os dados agora apresentados revelam a elevada prevalência de obesidade na sociedade portuguesa – cerca de 1 milhão de adultos obesos e 3,5 milhões de pré-obesos. Numa mensagem motivacional, Francisco George lembra que “ainda vamos a tempo de lutar contra a obesidade”.

O elevado conteúdo de gorduras trans presente nos alimentos comercializados no mercado português e o consumo excessivo de sal por parte de crianças e adolescentes são também conclusões enfatizadas na análise apresentada.

A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo diário de pelo menos 400g de fruta e hortícolas, o equivalente a aproximadamente 5 porções diárias destes alimentos

Iniciativas do PNPAS

Desde a sua criação, em 2012, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável tem como missão desenvolver uma política alimentar e nutricional em Portugal que tenha um impacto direto na prevenção e controlo das doenças mais prevalentes.

Neste sentido, lançou a plataforma online https://www.alimentacaosaudavel.dgs.pt/ onde são disponibilizadas informações sobre alimentação saudável, dicas práticas com receitas e outras iniciativas do PNPAS.

A par desta plataforma, foi lançado o site https://www.nutrimento.pt/, com notícias, dicas nutricionais, alimentação escolar e outros tópicos de interesse na área da Nutrição.

Patrícia Rebelo

Assista aqui às declarações em vídeo do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde e da Bastonária da Ordem dos Nutricionistas:

Veja também a fotogaleria da apresentação pública do Relatório do PNPAS, na Fundação Calouste Gulbenkian:

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