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Um em cada três idosos sofre uma queda, mas a prevenção é possível

Um em cada três idosos sofre uma queda, mas a prevenção é possível

São o acidente doméstico mais frequente nos idosos e a principal causa de morte acidental nesta população. Falamos das quedas, que podem ser prevenidas com a identificação e eliminação de alguns fatores de risco ou com a ajuda da tecnologia. 

“As quedas ocorrem em 35 a 40% das pessoas com 65 anos e em mais de 50% da população com mais de 80. E a maior parte ocorre nos domicílios”, confirma Lia Marques, Assistente Hospitalar de Medicina Interna do Hospital Beatriz Ângelo, que alerta para as complicações graves que delas podem resultar, como a perda de autonomia e a imobilidade. “Sabemos que 5 a 25% das quedas na população idosa se complicam com lesões graves, como fraturas ou traumatismo craniano; 50% da quedas nos idosos condicionam internamento hospitalar e, destes internamentos, 40% terminam na institucionalização do idoso por perda de autonomia”.

Acarretam, por isso, importante compromisso da qualidade de vida, “não apenas dos idosos que as sofrem, mas também de familiares e cuidadores, já que muitas vezes são o factor precipitante da transição entre um idoso activo e autónomo para um idoso totalmente dependente”.

Factores de risco estão bem definidos e podem ser corrigidos

Apesar de a sua incidência aumentar com a idade, os especialistas sabem que as quedas se devem a fatores de risco que estão bem definidos, “muitos dos quais corrigíveis, o que faz com que as quedas na população idosa tenham um grande potencial de prevenção”, confirma a especialista. “Devem ser implementados instrumentos de rastreio para identificação do risco de queda e avaliação complementar para controlo de cada um dos factores de risco individuais para queda, como trajetos mal iluminados ou a presença de obstáculos no percurso dos doentes podem ser facilmente corrigidos”.

“As novas tecnologias podem dar uma preciosa ajuda”

Há anos que têm vindo a ser aplicadas junto dos doentes em risco de queda, “quer através de sensores que permitem detectar precocemente a queda num doente que reside sozinho, que através da utilização de dispositivos de comunicação que ao detectar a queda ativam um sistema de emergência em que é feito um contacto para a pessoa mais próxima do idoso para que seja imediatamente auxiliado, quer através de programas mais complexos que permitem não apenas identificar o risco de queda, como estabelecer programas de treino de equilíbrio quer no domicílio, quer em instituições”.

Este assunto e a prevenção cardiovascular no idoso estiveram em destaque na 2ª Reunião Nacional do Núcleo de Estudos de Geriatria, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), nos dias 16 e 17 de novembro do ano passado.