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“Só temos pena de não ter outras APDP’s em outras áreas da saúde em Portugal”, diz João Morais

“Só temos pena de não ter outras APDP’s em outras áreas da saúde em Portugal”, diz João Morais

Nos dias 16 e 17 de fevereiro, a Associação Protetora de Diabéticos de Portugal (APDP) organizou o encontro “O Coração da Diabetes”, com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD). O palco escolhido para o efeito foi o SUD Lisboa, com vista privilegiada para o rio Tejo. O encontro contou com especialistas de várias especialidades, com o objetivo de “criar pontes entre os saberes da Diabetologia e da Cardiologia, duas especialidades que, na atualidade, têm de trabalhar, cada vez mais, lado a lado” disse João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.

No primeiro dia abordaram-se temas como a “Cardiodiabetologia” e o “Risco Cardiovascular” e, no segundo dia, estiveram em debate “O que nos dizem outras complicações da Diabetes Mellitus”, “Doença Coronária” e “Insuficiência Cardíaca”.

A cerimónia de abertura contou com um leque de profissionais de saúde, como: João Morais, Rui Duarte, Luís Pisco, Rui Ferreira e foi presidiada por João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP. Este começou por explicar que “esta relação próxima entre a glicemia e o coração já existe desde sempre, no entanto, é muitas vezes ignorada”. Recorrendo aos dados do último relatório do Observatório Nacional de Diabetologia, que é fonte de informação epidemiológica há já oito anos, e reforçando a ideia de que a diabetes é algo com que nos devemos preocupar diariamente, João Raposo explanou que “13,3% da população portuguesa adulta tem diabetes” e que “cerca de 40% não está diagnosticada”. Ou seja, “ainda temos mais de 400 mil pessoas, eventualmente, com diabetes tipo II e não sabem o seu diagnóstico. Essa é uma população que nos preocupa porque apresenta um elevado risco de complicações” afirmou.

A diabetes é uma doença silenciosa e que, muitas vezes, não é devidamente valorizada. Muitas pessoas desconhecem por completo que as consequências desta doença podem levar à morte. “Em 2015, dos cerca de 137 mil internamentos que estão registados dentro do SNS, as doenças do aparelho circulatório representaram a principal causa de hospitalização na população diabética (26%). De seguida, as doenças do aparelho respiratório que correspondem a 15% dos internamentos, as doenças do aparelho digestivo, 10%, e neoplasias. 9%”, continuou João Raposo. A diabetes é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, “e nós, profissionais de saúde, dizemos sempre que as pessoas com diabetes têm um risco de doença cardíaca três a quatro vezes maior que a população geral. Para nós, isto parece-nos evidente. No entanto, no  mundo real, as pessoas não mudam os comportamentos, e os médicos acabam por não mudar também a forma como encaram esta situação” concluiu o diretor clínico da APDP, constatando que é fácil mudar este panorama.

Rui Duarte, Presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, destacou ainda a importância destas reuniões e da presença multidisciplinar na assistência, uma vez que “o coração é, atualmente, de todos os órgãos que a diabetes atinge, o que está mais em foco hoje em dia. Quer pelo aparecimento de novos tratamentos, quer também porque a diabetes é dos desafios mais difíceis para os próprios cardiologistas no combate à doença e até na melhoria do seu prognóstico” explicou.

Embora todas as entidades envolvidas na organização desta reunião tivessem sido saudadas durante a cerimónia de abertura, a APDP, que foi a grande mentora deste encontro, não foi poupada a elogios, por parte de todos os elementos. “Todos saberão naturalmente o peso e a importância que a APDP tem em Portugal e nós só temos pena de não ter outras APDP’s em outras áreas da saúde em Portugal” frisou João Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

A mesma mensagem foi reforçada por Luís Pisco. O atual presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo felicitou a organização do encontro, pelo “programa de excelência”. “É um privilégio pessoal e institucional estar aqui convosco nesta sessão de abertura” acrescentou.

Por Rita Rodrigues