Memorando de Entendimento entre SPMI e APMGF promete “colocar o doente no centro dos cuidados”
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) assinam amanhã, 28 de março, pelas 18h00, um Memorando de Entendimento que visa uma maior cooperação entre as duas entidades e as une numa batalha por melhores condições para doentes e profissionais. Uma mais-valia de olhos postos no futuro dos cuidados de saúde em Portugal. Este memorando será assinado numa cerimónia no Auditório da Universidade Nova de Lisboa, inserido num debate sobre os desafios que se colocam às duas especialidades e aos serviços de saúde nacionais que contará com nomes como Maria de Belém Roseira, ex-Ministra da Saúde, Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, entre outros.
Este memorando envolve várias áreas, como a formação, referenciação, a promoção da saúde e a prevenção das doenças, as normas de orientação clínica e a investigação. Questões como o excessivo recurso às urgências, o sobrediagnóstico, o sobretratamento e as consequências para a saúde dos fenómenos climatéricos extremos vão motivar a criação de um grupo de trabalho conjunto, que irá fazer propostas sobre a gestão do doente agudo, estando prevista a apresentação de recomendações até ao fim do primeiro semestre do ano. Tanto a SPMI como a APMGF consideram ser “muito fragmentados, reativos e centrados na doença” os cuidados prestados aos doentes crónicos, sendo “fundamental mudar este paradigma”, pelo que as duas organizações pretendem “exigir mais incentivos na contratualização e mais investimento para a implementação das reformas de proximidade”. Rui Nogueira, presidente da APMGF, afirma que é necessária “uma maior proximidade e integração dos cuidados, para que o doente seja o elemento de maior valor nestas andanças de um lado para o outro, dos centros de saúde para os hospitais e destes para os centros de saúde de novo”.
“O que queremos é fazer do doente o centro dos cuidados”, reforça Luís Campos. “Outros dos aspetos importantes é a prevenção da doença, que tem sido negligenciada. Oitenta por cento dos casos de AVC e diabetes e 40% dos cancros podem ser prevenidos com uma mudança nos comportamentos de risco. É preciso que haja um investimento nesta mudança, assim como no aumento da literacia em saúde e temos de aproveitar todas as oportunidades para o fazer, dentro e fora dos hospitais”, conclui.
O alerta dos decisores políticos e do público em geral para a necessidade de uma integração entre a saúde e a assistência social é outros dos passos a dar em conjunto, tanto mais que a “APMI e a APMGF consideram que os dois tipos de necessidades estão cada vez mais interligadas e os serviços de medicina hospitalares, em particular, estão transformados em verdadeiros centros de decisão dos problemas sociais dos doentes, vendo acumular-se o número de doentes que permanecem internados apenas por motivos sociais”.