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Vacinação contra a Gripe em Portugal: dados revelam forte adesão em grupos prioritários e influência da recomendação médica

Vacinação contra a Gripe em Portugal: dados revelam forte adesão em grupos prioritários e influência da recomendação médica

Os dados da primeira vaga do relatório Vacinómetro®, que monitoriza a vacinação contra a gripe durante a época gripal através de questionários, revelam padrões de adesão significativos, com destaque para os grupos mais vulneráveis e o papel preponderante da recomendação médica.

Até ao momento, os números mostram que, da população incluída nas recomendações da Direção-Geral da Saúde, já terão sido vacinados contra a gripe sazonal:

  • 44,6% dos indivíduos portadores de doença crónica – dos quais 70,9% indicaram que o fizeram por recomendação do médico.
  • 39% dos indivíduos com 65 ou mais anos de idade – sendo que 56,9% deste grupo o fez por recomendação médica;
  • 49,7% dos indivíduos com 85 ou mais anos de idade – dos quais 56,3% indicaram que o fizeram por recomendação médica e 71,3% foram informados pelo profissional de saúde que estava a administrar a vacina de dose elevada;
  • 38,6% das grávidas – sendo que 73,7% o fizeram por recomendação do médico;
  • 32,8% dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes;
  • No mais recente grupo incluído na recomendação de vacinação gratuita, crianças entre os 6 e os 24 meses, 26,2% foram vacinadas;
  • 16,1% dos portugueses com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos – sendo que 38,1% vacinou-se por iniciativa própria.

A recomendação do médico surge como o principal motor para a vacinação, influenciando quase metade dos inquiridos (49,3%), e 62% dos vacinados optaram pela coadministração com a vacina da COVID-19, sublinhando a perceção da importância de ambas para a sua proteção.

Do total do grupo de indivíduos vacinados, na amostra total estudada, os principais motivos que levaram à vacinação foram:

  • 49,3% por recomendação do médico;
  • 23,6% por iniciativa própria, porque procuram estar sempre protegidos;
  • 14,6% no contexto de uma iniciativa laboral;
  • 9,4% por notificação de agendamento pelo SNS;
  • 2,9% porque sabe que faz parte do grupo de risco de determinada patologia;
  • 0,3% por outro motivo.

A distribuição por região das pessoas com 65 ou mais anos de idade vacinadas mostra que 47,8% se encontra no Alentejo, 44,9% na região Centro, 39,7% na área metropolitana de Lisboa, 39,2% na região Norte, 23,8% na região Autónoma da Madeira. Na região Autónoma dos Açores a percentagem é de 17,1% e no Algarve de 14,8%.

Filipe Froes, Pneumologista e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

” É muito positivo verificar a forte adesão de grupos vulneráveis como doentes crónicos (44,6%), indivíduos com 65 ou mais anos (39,0%) e grávidas (38,6%), o que é vital para a sua proteção. A influência da recomendação médica (49,3%) é clara e decisiva. É importante continuarmos o nosso trabalho de apelar à vacinação, especialmente entre os adultos mais velhos, que dispõem agora de uma opção de dose elevada que lhes confere ainda mais proteção.”

Desta primeira vaga, podemos ainda aferir que:

  • 1,5% das pessoas com 65 ou mais anos de idade já vacinadas, fizeram-no pela primeira vez este ano e 60,7% das não vacinadas pertencentes a esta faixa etária ainda tencionam vacinar-se;
  • 2,5% dos doentes crónicos vacinados fizeram-no pela primeira vez este ano, e 61,8% das pessoas não vacinadas pertencentes a este grupo apresentam ainda intenção de vacinação nesta época gripal;
  • Já no que refere aos profissionais de saúde, apenas 0,9% refere ter sido vacinado pela primeira vez em 2025 e 26,5% ainda tenciona fazê-lo;
  • Do grupo de pessoas com mais de 80 anos, todos os inquiridos mencionaram que já se haviam vacinado no passado e 68,5% das pessoas inquiridas neste grupo não vacinadas apresentam intenção de o fazer nesta época gripal;
  • Na faixa etária dos 85 ou mais anos de idade – 68,2% dos inquiridos não vacinados mencionou que ainda tenciona vacinar-se
  • De entre aqueles que ainda não se vacinaram, o principal motivo apresentado para a não vacinação foi “por falta de oportunidade” (46,7%);
  • Nos grupos de recomendação, 32,7% das pessoas não vacinadas referem que ainda tencionam vacinar-se e, em particular, o grupo dos doentes crónicos é aquele que apresenta a intenção de vacinação superior (61,8%);

Ainda nos grupos com recomendação, o grupo das crianças entre os 6 e os 24 meses, recentemente incluído na recomendação de vacinação gratuita, 26,2% foram vacinadas. A recomendação do pediatra foi o principal fator para a vacinação (71,1%), e a falta dessa recomendação a razão mais apontada para a não vacinação (45,8%), embora 19,3% dos pais ainda tencione vacinar os seus filhos.

Relativamente à coadministração da vacina contra a gripe e da vacina contra a covid-19, 61,9% dos grupos com recomendação optou pela coadministração das vacinas, sendo o principal motivo “a vontade de estar protegido” (58,4%). Ainda nos grupos com recomendação, a maioria dos inquiridos não vacinados pretende fazê-lo coadministrando as vacinas contra a gripe e contra a covid-19 (68,7%).

Olhando ainda para os inquiridos não vacinados, os principais motivos que justificam esta decisão passam pela falta de hábito e pela falta de oportunidade. Cerca de 1/3 dos não vacinados pretende ainda fazê-lo durante esta época vacinal, sendo que os que mais demonstram essa vontade são os indivíduos com 65 ou mais anos e os portadores de doença crónica (60,7% e 61,8%, respetivamente).

Importa destacar que apenas cerca de 54% da população inquirida refere ter conhecimento do alargamento da vacina de dose elevada contra a gripe para a população com 85 ou mais anos, além de residentes em lares e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, foram vacinados cerca de um milhão, duzentos e dez mil e cento e vinte portugueses (até 21 de outubro). Simultaneamente, mais de 716 mil pessoas foram já vacinadas contra a covid-19 desde 23 de setembro de 2025.

A Norma n.º 009/2025 da DGS, recomenda a vacinação contra a gripe para os grupos prioritários abaixo, tendo em conta o risco de desenvolver doença grave ou o risco de exposição ao vírus:

  • Pessoas com idade igual ou superior a 60 anos;
  • Crianças com idade igual ou superior a 6 meses de idade e inferior a 5 anos de idade, em particular durante os primeiros 2 anos de vida;
  • Doentes crónicos ou com imunossupressão, com 6 ou mais meses de idade (Quadro 3 – Anexo);
  • Grávidas;

Profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.

Na época 2025-2026, a vacina de dose elevada é administrada gratuitamente aos seguintes grupos:

  • Residentes em Estabelecimentos Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), instituições similares e Rede Nacional de Cuidados Integrados (RNCCI);
  • Pessoas com 85 ou mais anos de idade.