Para que serve a Terapia Ocupacional?
Opinião de Ana Matias, Terapeuta Ocupacional no NeuroSer, Centro de Diagnóstico e Terapias para Alzheimer e outras patologias neurológicas
A terapia ocupacional é uma profissão da área da saúde que tem como principal objetivo promover o bem-estar e a qualidade de vida de pessoas de todas as idades, capacitando-as para a ocupação.
Para isso, tem em conta o desempenho e o envolvimento ocupacional de cada pessoa, nas ocupações que considere mais significativas, avaliando e intervindo ao nível de três dimensões: a pessoa, a ocupação e o ambiente. Estas ocupações poderão estar relacionadas com os autocuidados (tomar banho, vestir/despir, alimentação, entre outros), com o lazer (atividades de entretenimento) ou com a produtividade (emprego, voluntariado, atividades que contribuam para a comunidade/sociedade).
Este profissional atua com utentes desde recém-nascidos até idosos, em áreas tão diversas como a saúde mental, a reabilitação física, a neurologia, entre outras. Esta diversidade deve-se ao foco primordial da intervenção ser a ocupação, um aspeto transversal a todas as faixas etárias, uma vez que nos envolvemos constantemente em diferentes ocupações ao longo da vida.
No NeuroSer , a neurologia é área de intervenção da terapia ocupacional, com uma abordagem em patologias como a demência, a doença de parkinson e os parkinsonismos atípicos e o acidente vascular cerebral. As intervenções são realizadas tanto individualmente, como em grupo, dependendo de cada caso.
No que diz respeito às demências, o terapeuta ocupacional priveligia a intervenção em pequenos grupos, com o objetivo de promover o envolvimento em atividades prazerosas que se relacionem com a identidade ocupacional individual de cada um dos utentes e que respeitem as suas competências remanescentes, diminuindo a sua frustração sentida no dia-a-dia e promovendo a sua socialização e o bem-estar.
Ao nível da doença de parkinson e parkinsonismos atípicos, a intervenção pode ser individual, focando o desempenho nas atividades de vida diária, a manutenção de um envolvimento satisfatório das atividades lúdicas, a análise de possíveis adaptações ocupacionais e ambientais, entre outros. Ou poderá ser uma intervenção realizada em grupo, promovendo um momento de estimulação motora e cognitiva, enquanto é facilitada a identificação com os pares.
Por fim, no acidente vascular cerebral, no NeuroSer o terapeuta ocupacional atua apenas em regime individual, sendo que são estabelecidos objetivos pessoais com o utente e/ou cuidador/familiar, no sentido de promover a autonomia nas atividades de vida diária, no lazer e na produtividade, capacitando a pessoa para um desempenho satisfatório nas ocupações que a própria identifica como significativas.
É importante realçar que, embora a terapia ocupacional seja uma área de grande importância na intervenção com as patologias acima mencionadas, será essencial que exista a articulação com uma equipa multidisciplinar, como por exemplo médicos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas da fala, entre outros.
No dia 27 de Outubro foi celebrado o Dia Mundial da Terapia Ocupacional, com o intuito de promover esta profissão e os seus profissionais a atuar nas mais variadas áreas e permitir informar a população acerca desta área de atuação. O dia foi celebrado pela primeira vez em 2010, sendo que desde esse ano são dinamizados eventos quer pela Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO), quer pela World Federation of Occupational Therapy (WFTO).