“DPOC: Mais Ar Para Viver” | Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica: o desafio que a nova campanha quer ajudar a combater
Para aumentar o conhecimento e a literacia sobre a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), a Sanofi, com o apoio da Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias (GRESP) da APMGF e da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), acaba de lançar a campanha “DPOC: Mais ar para viver”, uma iniciativa que pretende alertar para o impacto que esta doença tem na perda de capacidade respiratória e de qualidade de vida.
A campanha teve início no dia 15 de setembro e, no próximo dia 19 de setembro, será inaugurada uma escultura de balões em forma de pulmão, numa analogia à perda da capacidade pulmonar. Este evento terá lugar no Centro Comercial UBBO (Amadora – Lisboa), às 10 horas. A escultura de balões assim como informação sobre a DPOC estará disponível durante os dias 19 e 20 de setembro, na Praça Central do UBBO.
A DPOC é uma doença respiratória que danifica os pulmões e causa uma diminuição progressiva da função pulmonar, sendo a terceira principal causa de morte em todo o mundo e a quinta em Portugal. De acordo com um estudo feito pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia em 2022, mais de 70% dos portugueses nunca ouviram falar da doença.
Esta campanha tem como objetivo aumentar o conhecimento sobre a DPOC, os seus sintomas (nomeadamente as dificuldades respiratórias que os doentes enfrentam no dia a dia), a importância do diagnóstico e melhorar a compreensão sobre o impacto das exacerbações e a perda progressiva da função pulmonar, motivando e alertando os doentes, cuidadores a procurarem os melhores cuidados e incentivar as pessoas com esta doença a falarem com os seus médicos.
José Albino, Presidente da Respira, explica que “a DPOC continua a ser uma doença pouco conhecida em Portugal, apesar do forte impacto que tem na vida de milhares de pessoas e nas inúmeras ações de literacia promovidas por várias associações e sociedades. Com esta campanha, queremos, uma vez mais, dar visibilidade à doença e sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico adequado. Só assim poderemos melhorar a qualidade de vida dos doentes e seus cuidadores e reforçar a mensagem de que viver com DPOC não significa deixar de ter ‘mais ar para viver”.
Dado o papel que o tabagismo e alguns fatores ambientais têm no desenvolvimento da DPOC, considera-se que a maioria dos casos desta doença pode ser prevenida.1 De acordo com a SPP, a DPOC afeta cerca de 800 mil portugueses, e 1 em cada 7 cidadãos com mais de 40 anos sofre desta doença e destes, uma parte significativa (1 em cada 14) apresenta formas moderadas a muito graves da DPOC2.
Jorge Ferreira, Presidente da SPP, a sociedade científica associa-se a esta campanha, uma vez que “sublinha a relevância clínica e epidemiológica da DPOC, uma patologia respiratória crónica progressiva, de elevada prevalência e subdiagnóstico significativo em Portugal. Estima-se que cerca de 800 mil portugueses sejam afetados, com uma proporção substancial de doentes a apresentar formas moderadas a muito graves da doença. A DPOC é responsável por uma perda progressiva da função pulmonar, limitando de forma crescente a atividade física e funcional dos indivíduos, com impacto direto na sua qualidade de vida e saúde mental. Neste contexto, a SPP considera prioritária a implementação de medidas estruturadas de rastreio, diagnóstico precoce e gestão integrada da doença, bem como o desenvolvimento de uma estratégia nacional para a saúde respiratória. Esta campanha constitui uma oportunidade de consciencialização da população geral, profissionais de saúde e decisores políticos para a necessidade de uma resposta articulada e sustentada ao desafio que a DPOC representa em termos de saúde pública.”
Devido à sua natureza irreversível e progressiva, a DPOC provoca uma diminuição contínua da função pulmonar a cada exacerbação, levando a sintomas muitas vezes graves, como tosse persistente, falta de ar, fadiga e produção excessiva de muco, que podem prejudicar a capacidade de realizar até mesmo atividades da rotina diária. Além do impacto físico, viver com esta doença devastadora também pode causar um efeito significativo na saúde mental, incluindo ansiedade, depressão e distúrbios do sono, o que faz com que a DPOC seja, por isso, também, apontada como a maior causa de morbilidade crónica3.
José Alves, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Portuguesa do Pulmão, afirma que a DPOC é uma doença prevenível e tratável. Ocorre, principalmente, em fumadores destruindo gradualmente a arquitetura dos pulmões que permite a oxigenação do sangue e o funcionamento de todo o organismo. É, por isso, uma doença potencialmente fatal. O seu rastreio ou diagnóstico precoce é fundamental para evitar as fases terminais da doença. A queixa mais importante é a falta de ar, mas muito antes o diagnóstico é possível com uma espirometria. Todos os fumadores devem fazer este exame.
Em Portugal há cerca de 1 700 000 fumadores. São muitas espirometrias. São. O melhor é começar depressa.”
De acordo com o mais recente Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (2024), divulgado pela FPP, Portugal está entre os países com maior nível de necessidades não satisfeitas em saúde respiratória, com a ausência de uma estratégia nacional para a DPOC e com acesso limitado a meios de diagnóstico essenciais.
Cláudia Vicente, Coordenadora do GRESP da APMGF, indica que “A DPOC é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade a nível mundial e em Portugal, sendo uma das principais causas de incapacidade nos adultos; e poderá ser a terceira causa de morte em todo o mundo. Os médicos de família não são alheios a estes factos. A sua posição privilegiada, perto dos doentes e do conhecimento da comunidade faz com que possam alertar e identificar possíveis fatores de risco como a exposição a tabaco, fumos e a biomassa. Estão ainda despertos para identificar sintomas precoces, habitualmente mais ligeiros e, às vezes, pouco valorizados pelos doentes, como a tosse, expetoração ou até cansaço. O diagnóstico precoce é crucial para melhorar o prognóstico dos doentes com DPOC. A intervenção médica deve incluir a avaliação da função pulmonar através das provas de função pulmonar, educação do doente para a cessação tabágica, vacinação e o uso de terapêutica adequada. Há ainda que ter em conta o apoio à família. Sempre que necessário poderão ter que ser encaminhados para tratamento/acompanhamento hospitalar, com os colegas da Pneumologia ou da Medicina Interna. Apesar de ser uma doença cronicamente progressiva, a gestão adequada da DPOC pode reduzir exacerbações, hospitalizações e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Cabe-nos a todos nós, profissionais de saúde das várias especialidades e níveis de cuidados trabalhar em equipa nesse sentido.”
Sobre a campanha “DPOC: Mais Ar Para Viver”
Os balões que moldam os pulmões representam momentos de alegria, esperança e a vontade de continuar a celebrar a vida. Já os balões rebentados lembram-nos que a progressão da DPOC pode deixar marcas permanentes, pelo que é importante aumentar o conhecimento sobre esta doença e alertar para a dificuldade em respirar que muitas pessoas com DPOC enfrentam no dia a dia.
A campanha vai estar presente durante dois dias (19 e 20 de setembro) no Centro Comercial UBBO (Amadora-Lisboa) e nas redes sociais das entidades envolvidas.
Referências:
1. Oca MM, et al. Lancet Respir Med. 2025 Aug;13(8):709-724.
2 Johansson 2019;