O que é a dermatite atópica?

A Dermatite Atópica (DA) é uma doença cutânea crónica, inflamatória, caracterizada por prurido intenso e lesões eczematosas. A DA é o resultado de uma disfunção da barreira da pele e desregulação imunológica, levando à inflamação crónica. Estima-se que 1 a 3% da população mundial viva com dermatite atópica. Os doentes, além do impacto na sua saúde, nas suas relações pessoais e laborais, sentem também algum estigma, mas, felizmente, a investigação científica não tem parado e, ao dia de hoje, surgem novas opções terapêuticas que visam tratar a doença e responder às necessidades dos doentes, possibilitando ao doente uma maior qualidade de vida. Neste sentido, o Raio-X partilha um artigo de opinião, assinado por André Cerejeira, dermatologista do Hospital de São João, dedicado a esta temática.

A dermatite atópica ou eczema atópico é a doença inflamatória crónica da pele mais comum em todo o mundo, atingindo até 30% das crianças e 10% dos adultos. É cada vez mais frequente, sobretudo nos países ocidentais.

Em relação à sua causa, é uma doença complexa, na qual estão envolvidos fatores genéticos e ambientais, bem como desregulação imune, perda da função de barreira da pele e alteração do microbioma cutâneo. Na maioria dos doentes, surge em associação com outras doenças atópicas, como asma, rinite alérgica ou alergia alimentar.

É uma doença benigna, mas que pode prejudicar muito a qualidade de vida, nomeadamente o sono, o trabalho/estudo e a autoestima. Habitualmente, segue um curso flutuante, com períodos livres de sintomas que alternam com fases de exacerbação.

Geralmente surge na infância, particularmente nos primeiros 2 anos de vida, e tem tendência a melhorar com o tempo, podendo resolver espontaneamente na puberdade. Contudo, em alguns doentes só se manifesta na idade adulta ou até depois dos 60 anos.

Clinicamente, carateriza-se sobretudo por lesões eczematosas na pele de distribuição característica, xerose (pele seca) e prurido intenso (comichão). As manifestações são diferentes de acordo com a idade: no bebé é mais frequente afetar o tórax e a superfície extensora dos membros; na criança são afetadas sobretudo as zonas flexoras dos braços e pernas (atrás dos cotovelos e joelhos), os punhos e a face; no adulto são atingidas sobretudo as mãos e o rosto (nomeadamente as pálpebras). Por outro lado, na infância, predominam lesões agudas, com vesículas, exsudação e crostas, enquanto nos adultos prevalecem as lesões crónicas, com placas espessas descamativas, escoriações e liquenificação (engrossamento da pele, com uma superfície áspera e seca) devido à coceira compulsiva.

Em alguns casos, pode ocorrer infeção das zonas afetadas (por bactérias ou vírus), bem como progressão para uma forma grave de eczema, em que praticamente toda a pele está atingida (eritrodermia).

Não existem exames específicos para diagnosticar dermatite atópica. Assim, o diagnóstico baseia-se na presença de um conjunto de sintomas e sinais clínicos que o médico analisa em conjunto com vários fatores, tais como a história médica pessoal e familiar do doente. É importante não confundir a dermatite atópica com outras doenças, como a dermatite seborreica, a psoríase ou a escabiose. Em alguns casos, pode ser útil a realização de uma biópsia de pele, análises sanguíneas ou de testes epicutâneos para avaliar a presença de uma dermatite de contacto alérgica.

O tratamento deve ser individualizado para cada doente. Para evitar exacerbações é importante manter a pele sempre hidratada (usar produtos adequados, nomeadamente sem perfumes ou alergénios), tomar banhos curtos com água tépida e evitar o stress emocional, certos tecidos (como lã ou fibras sintéticas) ou contacto com detergentes.

Tratamentos tópicos (por exemplo, em creme ou pomada) incluem os corticóides (“cortisona”) e os inibidores da calcineurina (tacrolimus e pimecrolimus). É fundamental ajustar a potência do tratamento à gravidade do quadro e às áreas que estão a ser tratadas.

Em situações mais graves, podem ser necessários tratamentos orais, tais como corticóides ou outros imunossupressores (por exemplo, ciclosporina ou metotrexato). Existem ainda novos tratamentos disponíveis para as situações mais complexas, como medicamentos biotecnológicos ou inibidores da JAK.

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