Papel e segurança dos adoçantes debatidos em Lisboa
Bastante falado e alvo de vários estudos que se contradizem, o tema dos adoçantes foi agora debatido em Lisboa, nos dias 2, 3 e 4, no Hotel Myriad. A reunião foi organizada pela Nutritional Research Foundation (NRF) e foram convidados 67 profissionais de saúde que tinham como objetivo contribuir para um consenso sobre o tema.
Estiveram presentes especialistas de 12 países diferentes e de várias áreas: nutrição, endocrinologia, dietética, pediatria, enfermagem, atividade física e saúde pública. Nas palavras do nutricionista Sérgio Velho de Sousa, “precisamos de investigar e foi por isso que realizámos este evento: para que em Portugal haja mais investigação sobre o assunto, porque é importante sabermos mais”. O objetivo é analisar o papel dos adoçantes sem ou de baixas calorias na alimentação, a sua segurança, as medidas regulatórias e os aspetos nutricionais e dietéticos do seu uso nos alimentos e bebidas, diz a organização do evento.
Lluís Serra-Majem, presidente da NRF e Sérgio Velho de Sousa, nutricionista no Hospital Pediátrico de Coimbra
Lluís Serra-Majem, presidente da NRF, diz que os adoçantes constituem um elemento de inegável interesse e atualidade, apesar de existir um certo desconhecimento por parte de alguns setores da população e do âmbito académico, e por isso, a necessidade de realizar este evento.
Os adoçantes (ou edulcorantes) são usados numa grande variedade de produtos alimentares, como os iogurtes, gelados, bolachas, pastilhas elásticas, gomas e também em bebidas: batidos, bebidas vegetais, néctares e bebidas à base de sumo, e até em produtos farmacêuticos. Este substituto é uma ferramenta que contribui para a redução do consumo de açúcares, com vantagens num contexto da prevenção e do tratamento da obesidade, do controlo da diabetes e até da prevenção de cáries.
“Portugal é um dos países da Europa que tem maior taxa de obesidade, e nas crianças, o segundo com maior taxa. Os edulcorantes não são a varinha mágica para prevenir ou tratar a obesidade, mas ajudam a esse balanço. É seguramente uma estratégia se for enquadrada num meio global de todas outras coisas que é necessário fazer”, explica Sérgio Velho de Sousa, que confirma que a maioria dos estudos que investigam o papel dos adoçantes concluiu que substituir açucares por adoçantes pode desempenhar um papel significativo no controlo do peso.
France Bellisle, investigadora sénior da Unidade de Epidemiologia Nutricional da Universidade de Paris 13, concorda: “hoje em dia nós temos um problema: consumimos demasiadas calorias provenientes do açúcar, é o que a Organização Mundial de Saúde nos diz. Uma das maneiras que podemos reduzir este consumo é tentar substituir o açúcar pelos adoçantes”.
France Bellisle, investigadora sénior da Unidade de Epidemiologia Nutricional da Universidade de Paris 13
O encontro contou com a colaboração da Universidade Lusófona de Lisboa, e também com o apoio e a participação de um total de 42 sociedades e fundações de nutrição e dietética, sociedades médicas, universidades e centros de investigação europeus e ibero-americanos e acontece a propósito do interesse e esforço da NRF para rever e divulgar os aspetos relacionados com a segurança e os benefícios dos adoçantes, sem ou de baixas calorias, utilizados como substitutos do açúcar e de outros adoçantes calóricos.