Dia Mundial da Menigite: “As vacinas não salvam vidas, mas a vacinação sim”

 Na véspera da efemeride do Dia Mundial da Menigite a GSK organizou um evento, durante toda a manhã, para media sobre “Vacinas: a face visível da prevenção”. O evento contou com três momentos distintos: Workshop formativo, Mesa Redonda e Apresentação do Prémio de Imprensa “GSK Vacinas: a face visível da prevenção”.

O Workshop formativo teve como tema principal a “Importância da Vacinação”, e foi ministrado por Mário Cordeiro, pediatra e autor do livro “A verdade e a mentira das vacinas”, e por Olga Castro, Scientific Manager da  Área de Vacinas do Departamento Médico da GSK. Durante este workshop foram apresentadas as conclusões do estudo “Win for Meningitis – Portugal Report” que revelam a falta de conhecimento que os pais e as mães portuguesas têm sobre a Meningite e as suas consequências, sendo que:

  • Praticamente metade dos progenitores portugueses (48%) afirmam desconhecer quais as vacinas que fazem parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV) ;
  • 28% (quase 3 e em cada 10) creem, erradamente, que a vacina contra a Meningite B integra o PNV de forma generalizada;
  • A patologia, que está entre as que mais receio provoca aos pais (72% colocam-na no top 3 entre as de maior risco para as suas crianças, entre um total de 14 doenças preveníveis através da vacinação), é ainda motivo de grande desconhecimento;
  • 30% dos nossos pais afirmam desconhecer ou ter dúvidas relativamente às formas mais comuns dos seus filhos contraírem a doença.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacinação evita a morte de dois a três milhões de pessoas, por ano, em todo o mundo e, somente a água potável, rivaliza com a vacinação na sua capacidade de salvar vidas. Atualmente, cerca de 30 doenças podem ser prevenidas, ou a sua incidência diminuída, através da vacinação. Olga Castro, afirma que “As vacinas não salvam vidas, mas a vacinação sim. A vacinação é uma das principais conquistas da ciência e o seu impacto na saúde pública é enorme. Programas de vacinação robustos e sustentados permitem aliviar pressão sobre o sistema de saúde e transferir recursos para outras áreas, como o acesso à inovação terapêutica”.

Os primeiros passos: da variolação a Edward Jenner

No início do séc. XVIII, a varíola era uma das doenças transmissíveis mais temidas no mundo, “era a chamada doença da moda”, explica Mário Cordeiro, médico pediatra. Era muito raro a população atravessar a juventude sem contrair varíola e a taxa de mortalidade centrava-se entre 10 e 40%. Por essa época, Edward Jenner, investigou uma crença, comum entre os camponeses, de que “os trabalhadores que lidavam com vacas doentes devido à varíola das vacas, a chamada “cowpox”, não eram contagiados com a varíola”, explicou o pediatra. Jenner inoculou um rapaz de 8 anos saudável, que nunca tinha tido nem varíola nem vaccinia (vacinação), com pús de cowpox. O rapaz teve sintomas benignos de vaccinia e, posteriormente, foi inoculado com o vírus da varíola humana, mas não desenvolveu a doença. Jenner inoculou grande número dos seus doentes e o mesmo fizeram outros médicos contemporâneos em toda a Europa. Esta técnica, conhecida por vacinação (de vaccinia), teve início na América em 1800 e, em 1805, “um dos seus grandes impulsionadores foi Napoleão Bonaparte” que ordenou a vacinação de todos os soldados franceses. Cerca de 170 anos mais tarde, o vírus da varíola seria erradicado do planeta, um dos maiores feitos de sempre da medicina preventiva.

O caso Português

Portugal acompanhou a história da vacinação. E em 1812 é publicada a primeira recomendação para vacinação universal gratuita (vacina contra a varíola), sendo disponibilizada na região de Lisboa. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) arranca oficialmente em 1965, “um plano estruturado, com cabeça, tronco e membros que teve como grande impulsionador Arnaldo Sampaio”, neste PNV estavam incluindas vacinas para “a tuberculose, tosse convulsa, poliomielite, varíola, difteria e tétano”.

Mário Cordeiro, uma das vozes mias ativas em Portugal na defesa da vacinação, explicou que as três melhores medidas preventivas são, “tal como dizia Arnaldo Sampaio: vacinar,vacinar e vacinar” e afirma que desde que há um PNV, a partir de 1965, que “as mortes por doenças evitáveis por vacinação desceram, em 1970 desceram ainda mais e em 1980 atingiram valores praticamente nulos”. No entanto descreve esta emergência da vacinação como “uma luta contínua, constante que nunca acaba. Existindo ainda muitos mitos e dúvidas que devem ser claramente dismistificados”. O médico pediatra apresentou os desafios para os novos tempos que passam por “aumentar as taxas de vacinação, alteração da dificuldade de vacinação, reduzir as oportunidades perdidas para vacinação e integrar mais vacinas no PNV” e ainda os mitos que devem ser desmistificados, tais como:

  • A sindrome da morte súbita;
  • O autismo (que é uma perfeita asneira);
  • O facto das vacinas alterarem a imunidade abrem portas para outras doenças;
  • É melhor ter a doença do que a vacina;
  • Dar mais do que uma vacina no mesmo dia faz mal;
  • Se todos vacinam os filhos, não preciso de vacina.

 “Vacinas: a face visível da prevenção – o exemplo da Meningite”

A mesa redonda contou com a participação de Mário Cordeiro, Diana Moreira, Pediatra e membro da Comissão de Vacinas da Sociedade de Infeciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Ana Garcia Martins, autora do blog “A Pipoca mais Doce” e Lenine Cunha, atleta paralímpico que sofreu de Meningite na infância.

Ana Garcia Martins foi clara na sua opinião, afirmando desde inicio que “a menigite é uma doença que me deixa muito preocupada, até porque os sintomas iniciais são facilmente confundidos com outros tipos de doenças, o que faz com que muitas vezes o tratamento já comece a ser feito tardiamente. Sou totalmente pro-vacinação”. A par da sua preocupação e do seu interesse para com este tema, “a pipoca mais doce” não deixou de afirmar que “há muito interesse por parte dos pais, mas também há muito medo e muito desconhecimento, considero que devem procurar mais informações junto das fontes fidedignas”.

Diana Moreira apela a que “as recomendações feitas pela Sociedade de Infeciologia Pediátrica devem ser partilhadas o mais possível”, sendo que “a única estratégia preventiva eficaz na menigite bacteriana é a vacinação. Acho que quando falamos deste tipo de menigite os país têm muitas dúvidas, o que não pode acontecer, a informação deve passar de forma repetida, não só para os pais como também aos profissionais de saúde”.

“Todas as crianças podem ser vacinadas, as exceções são muito raras. Não vacinar as crianças, não os proteger, expô-las a riscos é negligência”, garante Mário Cordeiro que revela ter muita dificuldade em admitir “que as vacinas contra a menigite só estão ao alcance das pessoas mais influentes”. O médico apela ainda a que “haja informação. Temos que combater a desinformação. E cabe precisamente aos jornalistas o poder e o dever de fazerem uma campanha grande, ativa, sem medos, em prol da vacinação”.

Lenine Cunha viu a sua vida mudar radicalmente após ser diagnosticado com menigite aos 4 anos de idade. Perdeu a memória, a fala, parte da audição e visão e deixou de caminha. Qualquer pessoa nesta situação sentiria vontade de baixar os braços e resignar-se aos desígnios da vida. Lenine, agarrou-se com todas as suas forças à vida e lutou e luta diariamente para ser o melhor. Atualmente, é o atleta mais medalhado do Mundo com 180 medalhas internacionais, e considera que a meningite na sua vida, teve dois lados “uma feliz coincidência e uma coisa muito má. Se não fosse a meningite eu não era quem sou hoje, quer a nível pessoal quer a nível profissional”. Lenine destaca ainda, com um brilho no olhar, que a grande responsável por ele cá estar hoje e por todo o sucesso profissional é a mãe “se não fosse a minha mãe eu provavelmente nem estaria cá para contar”.

O evento terminou com a Apresentação do Prémio de Imprensa “GSK Vacinas: a face visível da prevenção” cuja responsabilidade ficou a cargo de António Guerra, Commercial Manager Vaccines e de Kirsty Hayes, Embaixadora do Reino Unido em Portugal.O Prémio de Jornalismo GSK visa distinguir trabalhos jornalísticos na área da vacinação e contribuir para promover e incentivar iniciativas editoriais de órgãos de comunicação social, em português. As inscrições para estre prémio irão decorrer entre o dia 24 de abril de 2018 e 22 de fevereiro de 2019.

Por Rita Rodrigues

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