Pneumonia na MGF: Vacinação de grupos de risco e escolha da antibioterapia são desafios dos CSP

Estima-se que a pneumonia adquirida na comunidade afete 11 em cada 1000 indivíduos por ano, sendo que a incidência aumenta com a idade e na presença de comorbilidades. Após os 65 anos de idade, a incidência é de 44 casos por cada 1000 indivíduos, logo, “é uma situação frequente no âmbito da Medicina Geral e Familiar”, como explica o Dr. José Augusto Simões. De acordo com o médico de família da USF Marquês de Marialva, em Cantanhede, os grandes desafios ao nível dos Cuidados de Saúde Primários passam pela vacinação de populações de risco e pela escolha adequada da antibioterapia.

“É na população idosa, com mais de 65 anos, que se regista a maior incidência de pneumonia adquirida na comunidade (PAC), no entanto, esta condição clínica pode ocorrer em qualquer idade e, na população pediátrica, tem maior incidência em crianças com menos de cinco anos”, afirma o Dr. José Augusto Simões. Indivíduos com doença cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e com diabetes tipo 2 estão entre os grupos de maior risco de desenvolvimento de PAC e “uma proporção significativa dos doentes sofre de multimorbilidade”, sublinha o especialista em Medicina Geral e Familiar.

Na perspetiva do Dr. José Augusto Simões, o papel do Médico de Família na abordagem da PAC começa na prevenção, com especial enfoque na sensibilização para a vacinação dos grupos de risco. Depois, perante o diagnóstico, “a escolha do local de tratamento é um ponto muito importante e existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para ajudar nesta decisão. Alguns pacientes podem ser tratados adequadamente em ambulatório, enquanto outros necessitarão de internamento hospitalar”.

“Indivíduos com doença cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e com diabetes tipo 2 estão entre os grupos de maior risco de desenvolvimento de PAC”

Para a escolha do local de tratamento, o especialista refere que o CURB-65 é um instrumento de “fácil utilização, contudo, como necessita de um parâmetro laboratorial (ureia), não é aplicável em cuidados de saúde primários (CSP)”. Para colmatar esta limitação, existe uma versão que dispensa a avaliação laboratorial, o CRB-65, que é a mais apropriada para os CSP. Contudo, salienta, “a decisão final acerca do local de tratamento deve ter em conta o juízo clínico e fatores sociais e de suporte no domicílio”.

 

“Articulação entre CSP e hospitais funciona”

No âmbito desta ferramenta (CRB-65) considera-se que os doentes com pontuação igual a zero têm baixo risco e podem ser tratados em ambulatório. Os doentes com pontuação igual a um ou dois, têm risco intermédio, pelo que pode ser considerada a referenciação hospitalar, “se o juízo clínico ou fatores sociais e de suporte no domicílio o aconselharem”. Os doentes que apresentam uma pontuação com três ou mais pontos, têm um risco elevado, “portanto deve ser efetuada uma referenciação urgente para o Hospital, e neste contexto a articulação de serviços funciona”, sublinha o Dr. José Augusto Simões.

Na perspetiva do especialista os maiores desafios atuais dos CSP no que respeita à abordagem dos doentes com PAC passam pela adequada proposta de vacinação aos grupos populacionais em risco e por uma adequada seleção de antibioterapia. “A escolha do antibiótico depende de numerosas variáveis, nomeadamente da gravidade da doença, idade do doente, sintomas, comorbilidades, medicação concomitante, contexto epidemiológico, contactos com outros pacientes ou com um tipo de ambiente específico e intolerância a um determinado antibiótico ou seus efeitos secundários”, justifica.

A otimização dos resultados no que respeita a uma melhor prevenção e tratamento da pneumonia deve, na opinião do Dr. José Augusto Simões, partir de uma educação médica contínua, adequada às necessidades formativas de cada médico.

Por Cátia Jorge

Artigo originalmente publicado na SPP-Info n.º 1, publicação oficial distribuída no XXXII Congresso de Pneumologia.

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